A celebração pelos cem anos de nascimento de Paulo Emílio Sales Gomes (1916-1977) –professor, escritor, crítico e talvez a mais admirada figura do cinema paulista, um dos criadores da Cinemateca Brasileira e da ECA-USP– chega à Mostra com um programa vintage: a exibição de cinco longas, o mais recente lançado em 1962, em cópias de 35 mm no vão-livre do Masp. O barulho da avenida Paulista certamente vazará nas sessões, mas entenda isso como um charme adicional –o cinema em tela grande interagindo com a vida febril da megalópole.
É provável que o homenageado, se tivesse vivido para ver como muita gente assiste hoje a filmes em telefones celulares, aprovasse a experiência. Nem se fale da seleção, que começa, em ordem cronológica, com um clássico de Jean Vigo, sobre quem Paulo Emílio escreveu um estudo referencial inclusive na própria França: "O Atalante" (1934), o último filme do cineasta, que morreu pouco depois do lançamento, aos 29 anos.
O ciclo inclui outro clássico francês, "A Grande Ilusão" (1937), de Jean Renoir, o primeiro filme que Paulo Emílio reviu inúmeras vezes, quando vivia em Paris; "Noites de Cabíria" (1957), de Federico Fellini, que, segundo ele, traz a sequência talvez a mais extraordinária de toda a obra felliniana, no palco de um teatro; e os brasileiros "O Batedor de Carteiras" (1958), de Aloísio T. de Carvalho, com Zé Trindade como um malandro carioca; e "O Pagador de Promessas" (1962), de Anselmo Duarte, cujo êxito internacional Paulo Emílio considerava importante para a formulação de uma política cinematográfica sumária mas significativa na Bahia, que teria contribuído para o Cinema Novo.
Todas as sessões são gratuitas e serão exibidas no vão livre do Masp; confira as datas:
"A Grande Ilusão": dia 24, às 19h30
"O Atalante": dia 25, às 19h30
"O Batedor de Carteiras": dia 26, às 19h30
"O Pagador de Promessas": dia 27, às 19h30
"Noites de Cabíria": dia 28, às 19h30
20h24
Comentários
Ver todos os comentários