Veja o depoimento de quatro fotógrafos que fizeram o documentário 'Junho'

A "TV Folha" gravou cerca de 130 horas de imagens nas manifestações de junho de 2013. Além do documentário, o trabalho já havia rendido à equipe o Prêmio Esso de Jornalismo como a "Melhor Contribuição ao Telejornalismo".

Aqui, o "Guia" traz os depoimentos dos quatro repórteres fotográficos da "TV Folha" que viveram intensamente os dias de protestos nas ruas. Quase tudo o que você vai ver em "Junho" foi captado pelas lentes deles: Isadora Brant, Felix Lima, Rodrigo Machado e Carlos Cecconello.


Isadora Brant, 27
Você se prepara, coloca o cinto com as lentes, pendura o capacete na mochila e vai. Você anda muito, muito mesmo, sem saber como tudo vai terminar. Na rua, caos. Os sentidos ficam confusos. Você já tem um novo calo no pé, já tomou chuva, já está ali há muitas horas, já enfrentou pedras. Uma bomba, e você vai na direção dela. O gás arde no seu rosto, fotógrafos correm, a polícia grita e joga spray de pimenta, enquanto você tenta acertar o enquadramento e manter o foco. Você só volta para sua casa porque tem sempre um motorista-herói para lhe salvar. Você se lembra de tudo e só quer agradecer a todos. Obrigada.

Felix Lima, 30
Ir para as ruas em junho era acima de tudo uma grande incerteza. Para onde iríamos, a que horas voltaríamos, quando comeríamos, quantos quilômetros andaríamos? Não sabíamos. Terminar o dia preso ou machucado era uma possibilidade. Tudo mudava a cada "amanhã vai ser maior". A única certeza nesses dias loucos era ter os amigos sempre por perto e a sensação de segurança que isso traz, mesmo nos ambientes mais inseguros e hostis. No fim, o que ficou maior a cada dia foi a admiração e o respeito pela equipe, incluindo os fotógrafos Marlene Bergamo e Fabio Braga.

Rodrigo Machado, 33
Zero glamour. "A Giu! Tomou um tiro no olho." Foi difícil receber essa notícia do Felix. Como manter o foco? Vacilou, perdeu. É pedra, é bomba, é tiro, é correria. E a câmera apontada para algum lugar. Nós, os captadores, estivemos em muitos lugares de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte, de Brasília. Não de helicóptero nem em um estúdio olhando uma tela plana. Estivemos a pé, no chão, numa marquise, em cima de uma ponte, de um poste, de uma caixa de luz. No final daqueles dias de junho, para mim, glamour mesmo era chegar em casa inteiro, um edredom quentinho e a conchinha aconchegante da namorada.

Giuliana Vallone, repórter da Folha

Carlos Cecconello, 32
A responsabilidade de captar imagens que transmitissem o que se passava nas ruas de São Paulo naquele momento era o que me tomava o pensamento. O dia mal acabava e já havia o anúncio de mais manifestações no dia seguinte, o desgaste físico das longas caminhadas junto da ação desmedida da polícia paulista não permitia outra reflexão a não ser a incerteza de onde tudo aquilo iria dar. Nos restava contar a história que estava acontecendo na nossa frente, e assim o fizemos.

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