São Paulo ainda tem projecionistas à moda antiga

Os projecionistas Alfredo e Francisgleydisson, protagonistas de "Cinema Paradiso" e "Cine Holliúdy", respectivamente, tendem a permanecer somente na ficção. Com a popularização dos filmes digitais, o ofício, como foi retratado nas obras de Giuseppe Tornatore e de Halder Gomes, está acabando.

"Na projeção digital [modelo adotado pelas grandes redes], você mal precisa do projecionista", afirma Alexandro Nascimento Genaro, 42, que trabalha há dez anos na Cinemateca Brasileira.

Ele diz, porém, que o seu emprego e o de alguns colegas ainda não está ameaçado. "Ao menos nos cineclubes precisam muito da gente, já que as exibições nesses locais costumam ser em película e o acervo de filmes é grande".

O projecionista à moda antiga, como Genaro, sabe manusear, por exemplo, filmes em formato 35 mm -aqueles em rolo, que precisam ser encaixados de forma correta no projetor e trocados a cada 20 minutos, em média, para dar continuidade ao filme.


EXPLORE A AVALIAÇÃO DOS CINEMAS 2016

Crédito:

. O "Guia" avaliou 55 cinemas para nomear os melhores em seis categorias
. Cidade Jardim e Cidade São Paulo levam o prêmio de melhor cinema da capital
. Avaliação dos cinemas VIP
. Avaliação dos cineclubes
. Como funciona a sala 4DX
. Passo a passo do cinema: descubra como funcionam o 3D e a sala Imax

Mas e o trabalho do projecionista moderno, aquele que lida com o projetor digital? Basicamente, basta apertar alguns botões. Genaro explica que, hoje, para treinar uma pessoa a fim de exercer a função não é necessário mais do que um dia. "Antigamente, eram necessários até cinco meses para ensinar alguém. Agora, em poucas horas, qualquer um consegue projetar".

Com mais de duas décadas de carreira, há cerca de oito anos Genaro teve de se "modernizar" e aprendeu a mexer na parafernalha eletrônica. De acordo com ele, o lado bom é que, na exibição digital, um longa-metragem quase não apresenta problemas. Por outro lado, é mais fácil notar falhas no filme em rolo. "Dá para saber se há algo de errado quando ele ainda está dentro da lata".

Em épocas de mostras na Cinemateca, que atualmente abriga uma com o tema Cinema Brasileiro Contemporâneo, Genaro comanda, por dia, cerca de quatro sessões. Mas, apesar de gostar de cinema desde jovem, ele revela que não vê realmente os filmes enquanto os projeta. "Não dá, fico atrapalhado. Durante cada sessão, tenho inúmeras outras coisas para observar e fazer, como ver se a película vai vibrar na tela e trocar os rolos".

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas

Ver mais