"En el Hoyo", de 2006, é o segundo longa do documentarista mexicano Juan Carlos Rulfo, que lhe rendeu o prêmio do júri de melhor documentário (categoria "world cinema") no Festival de Sundance. O filme apresenta os trabalhadores da construção de uma enorme via elevada na Cidade do México.
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Lá como cá, é necessário fazer essas coisas para diminuir o tráfego intenso (um problema, digamos, universal). Isso quando não se pensa em melhorar o transporte público, claro.
As brincadeiras desses operários, o cotidiano nas obras, suas falas e os perigos que enfrentam são delineados por uma câmera testemunha e curiosa, aberta às suas crenças e aos diversos modos de encarar a vida.
O principal mérito da produção é fazer com que nos sintamos ali, ao lado deles, observando o duro que dão até a inauguração da obra definitiva (que não vemos). O que vemos, no final, é um belo sobrevoo mostrando a construção, parcialmente recapeada, pronta para o uso em um pequeno trecho.
Ainda que esse sobrevoo se encerre, sabe-se lá por que motivo, antes de vermos onde o elevado vai terminar, é um momento de poesia dos mais fortes. Terá sido um caso de censura, ou autocensura? Ou o diretor achou que não mostrar o fim iria condizer com o filme, encerrado antes da obra em si?
Alguns momentos chegam a esbarrar no pueril, como aqueles em que os operários encenam diálogos como se a câmera não existisse.
É uma moda do cinema contemporâneo que poucos diretores sabem realizar a contento, limitando-se a imitar um artifício que já foi feito inúmeras vezes no passado. Não deixa de ser, em princípio, uma estratégia interessante, que assume essa limitação. O problema, quase sempre, está na realização dessa estratégia.
Tais diálogos, insatisfatoriamente inseridos, são compensados por cenas em que esses trabalhadores dividem suas preocupações.
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