Pouca experiência de Miles Joris-Peyrafitte é trunfo em filme

Quando ganhou o Prêmio Especial do Júri por "Como Você É" no último Festival de Sundance (EUA), o diretor americano Miles Joris-Peyrafitte tinha 23 anos de idade e alguns curtas e clipes no currículo.

A pouca experiência, de vida e de trabalho, não compromete o resultado de "Como Você É". Ao contrário, revela-se um trunfo na maior parte do filme.

Os atores Owen Campbell, Charlie Heaton e Amandla Stenberg interpretam um trio de amigos
Os atores Owen Campbell, Charlie Heaton e Amandla Stenberg interpretam um trio de amigos - Divulgação

Joris-Peyrafitte, também ator, músico e roteirista, aborda a árdua transição da adolescência para a vida adulta de dois garotos de um subúrbio americano nos anos 1990.

Jack (Owen Campbell) é um estudante do ensino médio, solitário e socialmente inadequado, que vive com a mãe solteira, Karen (Mary Stuart Masterson).

Um dia, ela começa a namorar um segurança (Scott Cohen), que também tem um filho adolescente, o carismático e igualmente desajustado Mark (Charlie Heaton, o Jonathan da série "Stranger Things").

Mark e Jack se tornam melhores amigos, em uma relação simbiótica que vai se tornando cada vez mais íntima e complexa. A eles, se junta Sarah (Amandla Stenberg), formando um trio de amigos que por vezes beira o triângulo amoroso.

Cena de "Como Você É"
Cena de "Como Você É" - Divulgação

Joris-Peyrafitte filma o processo de autodescoberta dos três personagens com uma proximidade que possivelmente foi facilitada pela pouca diferença de idade entre o criador e suas criaturas.

Seu olhar sobre personagens imaturos não é amadurecido e, portanto, distanciado. É uma visão com a intensidade, a angústia e a desorientação típicas da adolescência que por vezes remete ao "Kids" (1985), de Larry Clark.

Mas a falta de maturidade se revela um problema na forma do filme. Joris-Peyrafitte estruturou sua narrativa como uma investigação policial, à moda da série "True Detective".

Os personagens dão depoimentos a um investigador sobre um crime que só conheceremos ao final, enquanto a história da amizade dos três se desenrola por meio de flashbacks.

É um truque eficiente para prender a atenção. Ainda assim, um truque. Com mais tempo de estrada, o diretor saberia que seu olhar cheio de frescor e urgência para um trio de jovens perdidos era mais que suficiente.

Avaliação: bom
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