Crítica: comédia com James Franco apela para sexualidade

Tinha que ser ele?  [Why him?, Estados Unidos, 2016], de John Hamburg (Fox). Gênero: comédia. Elenco: James Franco, Zoey Deutch, Bryan Cranston. ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO
O sisudo Ned (Bryan Cranston) e o extrovertido Laird (Franco) em "Tinha que Ser Ele?" - Divulgação

"Tinha que Ser Ele?" começa com James Franco abrindo o zíper e ameaçando mostrar como seus testículos ficam roxos de tesão. Minutos depois o ator abaixa as calças e rebola diante de uma webcam, anunciando o tipo de humor que se deve esperar dessa comédia.

Os gestos podem parecer ousados ou querer provocar os guardiões dos bons costumes. Mas logo se vê que não passam de oportunismo para Franco exibir sua imagem de ator transgressivo na pele de um personagem sob medida.

Laird é um zilionário da internet, um jovem californiano que já tem o que a maioria nem sonha e pilota um negócio no qual trabalho não se opõe a lazer. Sua seriedade zero só é posta à prova quando ele se apaixona por Stephanie, filha do empresário do Michigan e representante do americano médio Ned.

A maior parte da comicidade do filme nasce do desajuste entre os mundos da inovação e da tradição, entre a vida como parque de diversões de Laird e a postura sisuda de Ned, interpretado com habitual verve por Bryan Cranston.

O roteiro não passa de uma sucessão de piadas, algumas boas em meio a muitas ruins, quase sempre em referência a órgãos genitais. Ou seja, depois da segunda ou terceira o riso já fica forçado.

Essa fraqueza é compensada pela habilidade de Cranston no papel do pai criterioso, que não quer saber das modernidades do candidato a genro.

O filme aproveita essa resistência para ridicularizar a pregação do novo que contamina o modo de vida contemporâneo, comum na busca de autenticidade culinária, no gosto estético, no culto ao corpo e na mania de que tudo deve refletir o pensamento libertário.

Se a fixação na sexualidade é usada para atrair o público adolescente, Tinha que Ser Ele?, de fato, não tem nada de comédia pervertida. Sua mensagem reitera os valores de sempre fique rico e case-se com uma garota de família e sua libertinagem não disfarça que os personagens querem mesmo é assumir o papel de papai e mamãe.

Avaliação: regular

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