Canções de Toquinho embalam musical sobre direitos da criança

Toda criança deve ser protegida pela família, além de ter direito à alimentação, educação e ao lazer. Parece óbvio. Mas para as "coisinhas" do espetáculo "Canção dos Direitos da Criança", esses direitos são regalias longe de ser realidade.

No musical, que estreia neste sábado (12), as crianças não têm nome, não sabem ler nem escrever e trabalham o dia inteiro de barriga vazia sob as ordens do Primeiro Ministro para deixar o castelo da Rainha brilhando.
As canções que ditam o tom das coreografias foram compostas por Toquinho e Elifas Andreato e inspiradas nos itens da Declaração Universal dos Direitos da Criança, aprovada pela ONU em 1959.


Quase 30 anos depois do disco homônimo ser lançado, as canções (que já serviram de base para outras duas peças) continuam atuais -falam de direitos aos quais muitas crianças, assim como no espetáculo, ainda não têm acesso. Leia abaixo entrevista com Toquinho e com a diretora Carla Candiotto.

Teatro Shopping Frei Caneca - r. Frei Caneca, 569, Consolação, tel. 3472-2229. Sáb. e dom.: 16h. Até 1º/11. 60 min. Livre. Ingr.: R$ 60. Ingr. p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br.

Carla Candiotto, 51

Porque você escolheu adultos para interpretarem crianças?
Porque eu não vou fazer as crianças trabalharem [risos]. São os adultos que interpretam e você vê as crianças neles. Deixa as crianças brincarem.

Qual critério usou para selecionar sete das dez músicas do disco?
Coloquei todas as músicas na minha frente e com essa história base que eu tinha na cabeça [com uma rainha, um ministro e as crianças], eu fui selecionando.

Como prender a atenção das crianças?
Não tem segredo, mas a verdade é um fator muito importante. A criança também não deve ser tratada como se não fosse entender. A atuação precisa ser verdadeira e a história simples, para que ela possa se relacionar. Quanto mais a criança compreende, mais ela quer.

Um conto de fadas será sempre atual?
Não tenha dúvida. Uma boa história é sempre atual. É muito legal proporcionar um momento onde tudo é possível.

Como espera que crianças e adultos aproveitem o espetáculo?
Espero que as crianças se divirtam e passem bons momentos com seus pais. Eu fiz essa peça para as crianças saberem que esses direitos existem. Não é um espetáculo didático, mas para ela [criança] aprender brincando.


Toquinho, 69
Da época em que o disco foi lançado até os dias de hoje, acha que mais crianças tem acesso aos direitos da Declaração Universal da Criança e do Adolescente?
Na época em que foi lançado, 1986, algumas entidades trabalharam com o disco, especialmente a Secretaria do Menor, em São Paulo, em vários programas de recuperação de jovens e meninos de rua. Por outro lado, porém, sabemos que, após 55 anos daquela declaração, há no mundo milhões de crianças passando fome, sem condições de estudar e tendo de passar por obstáculos e humilhações que restringem sua evolução como pessoas ativas e produtivas.

Tem vontade de criar mais para crianças?
Não é tão simples essa tarefa. Há que trabalhar com simplicidade e com uma profunda capacidade de conservar um olhar infantil e lúdico sobre o mundo, sem subestimar o conhecimento das crianças e sua rápida compreensão das coisas. Há um projeto sendo desenvolvido, mas ainda leva um tempo para ser executado.

Qual é a essência de um disco que, como esse, atravessa gerações?
A essência desse disco é que suas canções falam de coisas seríssimas com a visão da criança, do jeito que a criança gosta de fazer "coisas sérias": brincando. E, assim, brincando, mostram a importância dos Direitos da Criança. E esses direitos abordam em seu âmago tudo o que a criança merece receber, ou seja, condições para viver como criança.

Como seria uma infância ideal para você?
Poder ver o mundo como um brinquedo a ser montado e desmontado ao seu belprazer usando a sabedoria da espontaneidade.

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