Crítica: Tabu em peça infantil, morte é tratada com leveza em 'EscondeOnde'

Está em cartaz mais um espetáculo que trata da morte, já considerado tabu no teatro infantil. O espetáculo "EscondeOnde", da companhia A Hora da História, aborda a questão com bastante leveza, sem pesar a mão no tom do luto e da dor.

Com texto do dramaturgo Marcelo Romagnoli, que tem fértil produção em diálogo com o universo intimista infantil, a peça instaura os climas da fantasia e da brincadeira, um esconde-esconde onde as pessoas queridas desaparecem. Começa com perguntas, muitas, e instiga a pensar na resposta no final.


Um trio em cena, bem dirigido pela atriz Jackie Obrigon, conta a história da menina Joana D'Arque Tartamudo (Camila Cassis, cheia de vigor), que quer descobrir a razão do sumiço repentino da avó (Natália Grisi, também no papel da mãe).

O avô, Napoleão (Luciano Carvalho), mora num dos retratos dos ancestrais da protagonista, que por sua vez habita um delicado cenário retrô e aconchegante, feito colo de vó, criado por Marisa Bentivegna.

Romagnoli é preciso em cada cena, não perde o foco do tema central e desenvolve com graça subtemas, como identidade, família, herança cultural e memória.

Tal abordagem está bordada no figurino de Chris Aizner, que joga bem com sobreposições, texturas e cores, assim como a brincadeira de misturar as peças encontradas no fundo do baú da casa da vó.

As buscas da menina são embaladas pela trilha sonora de Dr. Morris, que pontua alguns momentos com caixinhas de música, amplificando a atmosfera terna da peça.

Saímos com vontade de voltar a habitar aquela casa-história de afetos.

Avaliação: muito bom.
Indicação do "Guia": a partir de 7 anos.

Sesc Pinheiros - auditório 3º andar - r. Paes Leme, 195, Pinheiros, região oeste, tel. 3095-9400. 98 lugares. Dom.: 15h e 17h. Até 18/10. Ingr.: R$ 5 a R$ 17. Estac. (R$ 6 e R$ 8 p/ 3 h).

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