Se ainda hoje alguns espetáculos reproduzem os reinos do "era uma vez" tal qual as versões dos estúdios Disney, cheias de donzelas à espera de um príncipe, os mesmos palcos vespertinos também recebem montagens ousadas. É o caso de "A Princesa e a Costureira", um conto de fadas homoafetivo encenado pelo Teatro da Conspiração e dirigido por Antônio Correa Neto.
O espetáculo é uma adaptação de Solange Dias a partir de livro homônimo, escrito por Janaina Leslão. Pioneiro, conta a história de uma princesa que está prometida para o príncipe do reino vizinho, mas, quando vai provar o vestido do casório, apaixona-se pela costureira. O amor entre as duas meninas é tratado com delicadeza nos gestos e olhares.
Tudo começa num ateliê de costura, onde três costureiros (Erika Coracini, Mariana Sancar e Marcio Ribeiro) decidem brincar de contar (ou costurar) uma história, que ganha um tom poético com as canções entoadas ao vivo.
Com o uso dos recursos do teatro dialogado e da narração de histórias, o elenco encena a saga num acertado troca-troca de papéis, cujo sentido é ampliado por conta da temática abordada.
Quando um dos costureiros diz que fará o papel da princesa, a plateia acha graça. Mas nesse momento instaura-se um convite para romper com um olhar normatizado para as questões de gênero, identidade e sexualidade.
Com elementos cênicos que se transformam, o ateliê vira reino. De modo simples e eficiente, o figurino de Mauro Martorelli, que também assina o cenário, traz um uniforme com partes que se sobrepõem e apresentam rapidamente personagens diversos. A criança facilmente entra nesse jogo de construir e desconstruir.
Avaliação: bom.
Indicação: a partir de 9 anos.
Centro Cultural São Paulo - r. Vergueiro, 1.000, Liberdade, tel. 3397-4002. 321 lugares. Sáb. e dom.: 16h. Até 4/9. Ingr.: R$ 20. Ingr. p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br.
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