Merecem destaque a dramaturgia (Marcos Cardeliquio) de "Kazuki e a Misteriosa Naomi", assim como sua variabilidade técnica-- a peça usa linguagens múltiplas, de contação de história, teatro dialogado, de sombra e de bonecos articulados, como o da garça, ave protagonista, que também ganha versão para cenas de teatro de sombra.
O espetáculo tem excelente acabamento em muitos aspectos. O enredo baseia-se em lenda do Japão na qual a personagem principal se transforma na heroína de conto de amor com o pescador Kazuki (Vitor Vieira). Trata-se de Naomi (Camila Cohen), que surge como uma moça tiritando de frio que bate à porta dele numa noite gelada nas montanhas desse país. A adaptação é coletiva e tem direção de Heitor Goldflus.
Com encadeamento no tempo sequencial da narração, a montagem tem cortes que a aproximam da linguagem poética. Parece um jogo. Um dos recursos para a metáfora consiste na troca de perspectiva, ou planos narrativos.
Por exemplo, depois de uma peripécia com atores representando Kazuki e Naomi durante pesca na neve, o diretor desvia o olhar do espectador para o teatro de sombras. Em seguida há uma cena de contação de histórias pelos próprios atores que representam os personagens.
O elenco sabe atuar e conhece também o ofício do canto e da manipulação de bonecos (de Márcio Pontes) nos diferentes suportes cênicos. Veste figurino flexível e com design harmônico (Deborah Corrêa).
As canções (Dr. Morris) ao vivo provocam a curiosidade pelas rimas inteligentes. Vale a pena conferir.
Avaliação: muito bom
Indicação da crítica: a partir dos 6 anos
Teatro Sérgio Cardoso - R. Rui Barbosa, 153, Bela Vista, tel. 3288-0136. Sáb. e dom.: 16h. Até 11/6. Ingr.: R$ 20.
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