'O Mundo de Tim Burton' chega a SP; saiba como conseguir ingressos

Tim Burton é um cineasta peculiar, conhecido por seu visual sombrio. Porém, ele é mais do que mostra o cinema. A exposição "O Mundo de Tim Burton", inaugurada na quinta (4), no MIS, procura mostrar todas as facetas do artista.

Com cerca de 500 obras (entre esboços, bonecos, pinturas, esculturas e fotografias), a mostra expõe o processo criativo de Burton, além de sua filmografia. "Boa parte das peças são objetos que mostram como ele chegou às ideias. É como se o visitante entrasse na cabeça de Burton", diz André Sturm, diretor do museu, que decidiu dividir a exposição por sentimentos. São nove salas, batizadas de horror, humor, felicidade, angústia, melancolia e admiração, além de um ambiente com referências, filmografia e projetos não realizados.

Os ingressos estão sendo muito disputados: até agora, todos os lotes vendidos na internet (válidos até 9/4) estão esgotados. Aos domingos, contudo, as entradas são vendidas na bilheteria, por R$ 12. Às terças, a visita é gratuita. Em ambas as ocasiões, certifique-se de chegar cedo e se prepare para a fila. Os ingressos vendidos na internet (R$ 40) garantem visita com hora marcada, de quarta a sábado.

Abaixo, o "Guia" apresenta uma introdução à mente sinuosa de Tim Burton: é um aperitivo para a exposição.

Museu da Imagem e do Som - av. Europa, 158, Jardim Europa, tel. 2117-4777. Ter. a sex.: 11h às 20h. Sáb.: 9h às 21h. Dom. e fer. (dia 9): 11h às 19h. Até 15/5. Livre. Ingr.: R$ 12 (dom., na bilheteria; ter. e menores de 5 anos: grátis) e R$ 40 (site). Ingressos esgotados p/ site.


"O MUNDO DE TIM BURTON" EM NÚMEROS

15 dias de montagem no museu

280 pessoas envolvidas no projeto

50 montadores (como pintores e adesivadores, entre outros) trabalharam no MIS

200 metros de LED instalados nas paredes

300 litros de tinta foram usados na exposição


REFERÊNCIAS

Para entrar na exposição, o visitante precisa passar pela boca de um monstro (foto acima) e subir as escadas. Cada degrau traz uma obra ou artista que possui influência no trabalho de Burton. A seção foi criada especialmente para a mostra brasileira.

Há, por exemplo, uma reprodução do quadro "Uma Noite Estrelada", de Vincent van Gogh (ao lado). As curvas irregulares podem ser vistas em filmes como "O Estranho Mundo de Jack" (1993).

Outras obras são "Frankenstein" (1931), que o ajudou a criar "Frankenweenie" (2012), e "King Kong" (1976), que usa stop-motion.


BATE-PAPO

O "Guia" conversou com a curadora Jenny He, que comanda a exposição "O Mundo de Tim Burton" desde sua estreia, em 2009, no MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York).

"Guia" - Por que o Brasil é o primeiro país latino a receber a exposição?
Jenny He - O país tem muitas culturas; me pareceu o lugar ideal. Demoramos, em média, dois anos para negociar tudo e trazer a mostra.

Por que você escolheu o MIS para sediar a mostra?
Não foi só por causa do histórico recente de exposições de sucesso, mas também porque o museu abriga diversos tipos de arte: fotografias, pinturas, etc. Tim Burton é um artista plural, então foi a combinação perfeita.

É a primeira vez que a mostra é dividida por sentimentos. Gostou da ideia?
Sim. Burton é um cineasta subjetivo, quase autobiográfico. Ele é muito emotivo no trabalho. As pessoas vão poder ver suas obras assim.

Como era dividida no MoMA?
Como foi a primeira mostra, nós distribuímos as obras cronologicamente. Agora, fomos mais fundo.



PERSONAGENS E HISTÓRIAS

Muitos personagens de Burton estão reunidos no livro "O Triste Fim do Pequeno Menino Ostra e Outras Histórias" (editora Girafinha) e fazem parte da exposição. Conheça alguns deles abaixo.

Balloon Boy
A Caselúdico, empresa responsável pela expografia (ou seja, a criação de ambientes e a distribuição das obras), reproduziu o personagem em uma escultura de seis metros de altura. É a principal obra do saguão redondo, onde fica a sala felicidade.

Menino Pinguim
Na seção melancolia, está Benjamin (em inglês, Jimmy), mas os amigos o chamam de Menino Pinguim (ou Penguin Boy). E é essa a história do garoto. Apesar de simples, ela deixa claro um tema recorrente no trabalho biográfico de Burton: a dificuldade que tinha em se ver como uma criança normal.

Menino Mancha
Faz referência ao Super-Homem —Burton faria um filme do herói, mas o projeto nunca saiu do papel. O "S" em sua blusa é de Stain Boy, seu nome em inglês. É um menino que sonha em ser super-herói, mas seu único poder é espalhar manchas por onde passa.

Menino Múmia
A sala melancolia também tem o pobre Menino Múmia: nasceu com gazes e faixas, apesar de seus pais serem humanos normais. Por ser tão diferente, o garoto tinha dificuldade em se entrosar com as outras crianças. Um dia, no parque, viu uma festa de aniversário mexicana —e foi confundido com uma pinhata (um boneco recheado de doces; as crianças batem nele para liberar as guloseimas).


FILMOGRAFIA

A última sala é dedicada aos filmes e tem bonecos, desenhos e story boards. Saiba sobre alguns longas.

"Vincent" (1982)
Foi na Disney que Burton encontrou financiamento para seu primeiro curta em stop-motion, um filme biográfico sobre um menino que sonhava em ser o ator Vincent Price (1911-1993), estrela de filmes de horror. O ídolo é quem narra a história.

"Os Fantasmas se Divertem" (1988)
Primeira parceria entre Burton e os atores Michael Keaton (que interpretou o Batman um ano depois) e Winona Ryder (de "Edward Mãos de Tesoura"). O filme misturou um elenco real a animações em stop-motion.

"Edward Mãos de Tesoura" (1990)
O filme mais célebre é um dos mais biográficos. Edward representa um Burton jovem. Segundo o próprio cineasta descreve no livro "Burton on Burton" (não disponível no Brasil), ele era um adolescente que não conseguia se comunicar. Foi a primeira parceria com Johnny Depp.

"O Estranho Mundo de Jack" (1993)
Inspirado pelos filmes com monstros que assistia quando criança, Burton criou a história de personagens de Halloween que querem ter um Natal. Na mostra, há "frames" que animam o rosto do protagonista Jack Skellington.

"Marte Ataca!" (1996)
Baseando-se em ficções científicas dos anos 1950, como "Guerra dos Mundos" (1953), Burton criou alienígenas hostis, animados com computação gráfica (e não stop-motion). A exposição tem bonecos do filme.

"Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas" (2003)
Burton começou a trabalhar no projeto depois que o pai morreu. Eles não tinham uma relação boa —o cineasta, contudo, sabia que seu pai era uma boa pessoa e não entendia porque eles não se davam bem. "Peixe Grande" fala sobre um homem doente, à beira da morte, que sempre inventou histórias maravilhosas —nunca compreendidas por seu filho.

"A Fantástica Fábrica de Chocolate" (2005)
Assim como em "Edward Mãos de Tesoura", Burton diz se identificar com o antissocial Willy Wonka, criado pelo escritor Roald Dahl. O diretor inventou sequências que mostram a difícil relação que ele tinha com o pai —e um terrível aparelho de dentes, igual ao que Burton usou quando pequeno.

"Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet" (2007)
Os musicais chegaram ao cinema na década de 1930, depois da Grande Depressão que atingiu os Estados Unidos. A ideia era criar filmes muito alegres para que as pessoas se sentissem melhor. Burton os odeia, claro, mas topou dirigir "Sweeney Todd", o musical de terror de Stephen Sondheim. A mostra tem fotografias dos bastidores.

"Frankenweenie" (2012)
Segundo Burton, não há relação mais pura do que aquela entre uma criança e seu cão. Em 1984, lançou o curta "Frankenweenie", com atores reais. Quase 30 anos depois, criou um longa em stop-motion baseado na obra antiga.

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