Mostra de Marilá Dardot na Chácara Lane aborda memória e esquecimento

Nos arquivos de Marilá Dardot há desde 2004 uma pasta na qual a artista mineira reúne frases que contenham a palavra silêncio. Cinco delas, entre as quais está "Raio cai em silêncio -grito, e é só poeira que levanta", aparecem agora na exposição "Guerra do Tempo" bordadas discretamente na margem de uma superfície de feltro.

O silêncio, questão central da série "Paisagem sobre Neblina" (2008) é também um dos motes da mostra. São 32 peças realizadas nos últimos 15 anos, que versam sobre a ausência, lapsos e apagamentos, interpretando a memória como eterno recomeço.

Crédito: Divulgação Obra "Código Desconhecido", 2015, de Marilá Dardot
Obra "Código Desconhecido", 2015, de Marilá Dardot

No trabalho mais recente, "Demão", de 2016, a artista selecionou slogans do governo e frases de protesto. Pediu a pintores letristas que os sobrepusessem em painéis, intercalando entre as frases camadas de tinta branca -assim, parcialmente apagadas, representam não só a história da política brasileira, mas também seu esquecimento.

A escolha de Marilá -artista que já participou da 29ª Bienal de São Paulo, em 2009- para a reabertura oficial da Chácara Lane como espaço destinado a exposições de arte diz muito sobre a trajetória do local. A edificação do século 19, que serviu como residência do reverendo norte-americano George Chamberlain, já foi utilizada para diferentes funcionalidades: de sede da Escola Americana a ambulatório da Cruz Vermelha.
"Queríamos reabrir com uma nova função mas sem deixar de lembrar, de maneira sutil, o que aconteceu", diz o curador Douglas de Freitas.

R. da Consolação, 1.024, Consolação, região central, tel. 3129-3574. Ter. a dom.: 9h às 17h. Até 17/4. Livre. GRÁTIS

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