Exposição evidencia as diversas personas de Luiz Sergio Person

Quando Marina Person se lembra do pai, o cineasta Luiz Sergio Person, pensa no que o personagem de Walmor Chagas, Carlos, diz no filme "São Paulo Sociedade Anônima": "recomeçar, recomeçar, recomeçar de novo, recomeçar sempre". A frase, na opinião da apresentadora, era inspiração para a vida de Person. "Ele tinha essa disposição pra recomeçar as coisas, inventar algo do zero, meter as caras e fazer, o que admiro", diz.

A "Ocupação Person", que toma conta do Itaú Cultural neste mês, não deixa de ser também um recomeço para o realizador que morreu em um acidente de carro, aos 39 anos. Na exposição, que tem curadoria da família (a viúva Regina e as filhas Marina e Domingas) e da equipe Itaú Cultural, estão evidenciadas algumas facetas menos conhecidas de Person.


Celebrado por filmes que se tornaram clássicos, como o já citado "São Paulo Sociedade Anônima" (1965) e "O Caso dos Irmãos Naves" (1967), o cineasta também teve participação ativa no teatro. Fundou em 1973 o Auditório Augusta (atual Teatro Augusta), onde dirigiu, entre outras peças, "Orquestra de Senhoritas", com os atores Paulo Goulart e Ney Latorraca vestidos de mulher.

O paulistano, que acumulou experiência como ator e publicitário, chegou a dirigir uma ópera. Na toada de "Orquestra de Senhoritas", optou por um caminho ousado e colocou o tenor Benito Maresca para cantar sentado na escada.

Entre os documentos expostos, está o fac-símile de uma reportagem na revista "O Cruzeiro" que narra o episódio -a publicação foi redescoberta durante a pesquisa. E nem mesmo Regina, que diz conhecer tudo o que estará à mostra, lembrava-se daquelas páginas.


Confira entrevista com Marina Person, filha do cineasta

De que forma a imagem que tinha de seu pai se modificou conforme a pesquisa?
Eu cresci ouvindo histórias incríveis sobre ele. Aqui vamos explorar objetos, cartas, roteiros anotados. Penso nos netos dele que vão ter oportunidade de conhecer um pouco o vovô Sergio.

Você já disse que segue pistas que ele deixou, como indicação de livros e obras. Há pistas novas na Ocupação?
O legal é o fato de a exposição buscar coisas inéditas. Quando fiz o documentário "Person" (2007), foquei o cinema. A mostra possibilita um mergulho também no teatro, por exemplo.

É mais difícil ou prazeroso revirar as memórias?
É uma mistura dos dois. É sempre bom pensar nele, mas lembrar que ele não está aqui é doloroso. Procuro ser grata por ser filha de alguém tão legal, ainda que não tenha convivido com ele.

Quais são as principais influências que carrega?
Procuro me sintonizar com as ideias do meu pai através de entrevistas, livros que ele tinha e, evidentemente, a obra como um todo. Tudo que ele deixou em cinema e teatro reflete seu pensamento. Ele é uma espécie de guia, ainda que tenha vivido em outro tempo.

Av. Paulista, 149, piso Paulista, Bela Vista, região central, tel. 2168-1777. Ter. a sex.: 9h às 20h. Sáb. e dom.: 11h
às 20h. Abertura: 20/2. Até 3/4. Livre. Estac. c/ manob. (R$ 10 p/ 12 h, na r. Leôncio de Carvalho, 108 - convênio). GRÁTIS

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