Angelo Venosa é apaixonado por tecnologia, mas se considera longe de ser "tecnicamente tarado". O artista paulistano, que vive no Rio de Janeiro desde a década de 1970 e é um dos únicos egressos da Geração 80 que enveredou pelo campo escultórico, considera sua natureza "meio tecnológica, meio nas coxas".
Em sua primeira individual em cartaz na galeria Nara Roesler, intitulada "Giusè", mesas espelhadas comportam esculturas realizadas com uma impressora 3D (o artista possui duas e as utiliza há dois anos). A maior parte das peças, no entanto, é proveniente de procedimentos que deram errado, como casos de filamentos que acabaram antes da finalização e entupimentos da máquina de impressão.
"Uma coisa similar em todos os trabalhos que vinha fazendo é que há algo que vibra entre a ordem e a desordem, a técnica e a má técnica", diz Venosa, que expõe no espaço 20 obras de séries com diferentes escalas: de
esculturas feitas em compensados de madeira, que chegam a quase dois metros de altura e de comprimento, às pequenas peças que compõem as mesas.
O artista, que começou a utilizar o computador na construção de obras de arte no ano de 1988 e realiza modelagem em 3D desde 2009, lembra de episódios da infância que antecipavam seu interesse, como o desejo não realizado de adquirir um rádio de galena.
Na construção de estruturas híbridas, com formas indefinidas, Venosa conta que a tecnologia não é seu foco. "A utilizo de forma mais tosca, é a impressão sujeita aos dessabores da técnica", diz. E complementa: "A arte às vezes tem um excesso de sentido e eu quero menos sentido, busco uma certa opacidade. Acho que estou atrás de algo que não existe".
Galeria Nara Roesler - av. Europa, 655, Jardim Europa, região oeste, tel. 3063-2344. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 11h às 15h. Abertura: 20/2, às 10h. Até 26/3. Livre. Valet (R$ 20). GRÁTIS
08h00
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