Bienal de SP termina no domingo; veja dicas para visitar a mostra

Domingo (11) é o último dia para visitar a 32ª Bienal de São Paulo. Sob o tema "Incerteza Viva" e com curadoria do alemão Jochen Volz, a mostra teve investimento de R$ 25 milhões e foi vista, segundo a organização, por aproximadamente 850 mil pessoas. 

Cerca de 330 obras de 81 artistas e coletivos, a maioria mulheres e nascidos após os anos 1980, estão expostas no pavilhão. Além dos trabalhos, a Bienal conta com uma programação de intervenções, performances e conversas. 

Neste sábado, por exemplo, há apresentação da peça "Coração do Espantalho", de Naufus Ramírez-Figueroa, e uma performance da obra "TabomBass", de Vivian Caccuri. 

Veja detalhes para facilitar a visita neste último fim de semana. 

Detalhe da obra de Lais Myrrha, na Bienal
Detalhe da obra de Lais Myrrha, na Bienal - Marcus Leoni/Folhapress

SERVIÇO
Quando:
7/9 a 11/12. Ter. a qui. e sáb.: 9h às 21h (c/ permanência até as 22h). Sex. e dom.: 9h às 18h (c/ permanência até as 19h)
Onde: Pavilhão da Bienal - av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, parque Ibirapuera, portão 3, tel.:5576-7600
Quanto: GRÁTIS
Como chegar: de carro, acesse o parque Ibirapuera pelo portão 3 e estacione com o sistema Zona Azul. De ônibus, utilize as linhas 175T/10, 475R/10, 477A/10, 509J/10, 857A/10, 967A/10, 5111/10, 5185/10, 5370/10 e 5630/10. Detalhes das rotas em sptrans.com.br
Info: 32bienal.org.br

POR DENTRO DA BIENAL
O tema
"Incerteza Viva", ideia que norteia esta edição, busca refletir sobre as condições atuais da vida, segundo a curadoria, usando a arte contemporânea para abordar noções de incerteza. Temas ecológicos e desgastes ambientais, como o aquecimento global, além de questões indígenas e de assuntos como migrações e instabilidades econômica e política, foram alguns dos pontos de partida para as criações das obras.

Os escolhidos
A seleção contempla 81 artistas e coletivos vindos de 33 países. A maioria deles nasceu no Brasil, mas há um número expressivo de nomes africanos, norte-americanos, portugueses, britânicos e colombianos. Apesar da presença de veteranos, como a carioca Sonia Andrade, grande parte dos convidados nasceu após os anos 1980. Outra característica do time é a forte presença de mulheres: elas somam mais da metade do número de selecionados.

As artistas Lais Myrrha, Erika Verzutti, Anawana Haloba, Ana Mazzei, Vivian Caccuri e Mariana Castillo Deball
As artistas Lais Myrrha, Erika Verzutti, Anawana Haloba, Ana Mazzei, Vivian Caccuri e Mariana Castillo Deball - Patricia Stavis/Folhapress

Como visitar
Grupos espontâneos: visita de 1 hora; ter. a sex.: 10h, 11h, 14h e 16h; sáb. e dom.: a cada 30 min., das 9h30 às 17h; qui. e sáb.: 19h e 20h (sessões noturnas); procure os balcões de atendimento na entrada.

Grupos agendados: visita de 2 horas; a partir de dez pessoas; agendamento pelo tel. 3883.9090.

Visitas acessíveis em libras: qua., sex. e sáb.: 11h30 e 17h; multissensorial: qua. e qui.: 11h30 e 17h; procure os balcões de atendimento na entrada.

Guia particular
O projeto Campo Sonoro oferece áudios complementares à mostra. São mais de 40 faixas com depoimentos, músicas e poemas criados em colaboração com os artistas. Há, também, uma proposta de percurso sonoro partindo do portão 3. A playlist pode ser acessada em 32bienal.org.br/camposonoro e app.32bienal.org.br.

Quando a fome bater...
Vá para o restaurante de Jorge Menna Barreto, instalado no mezanino. Intitulado "Restauro", ele é também uma obra de arte cuja variedade de alimentos é baseada em plantas. O cardápio tem pratos que devem variar de R$ 5 a R$ 12, a depender da oferta de produtos, com opções como mingau e pê-efe agroecológico (cereais, feijão, raízes, salada e farofa). O menu é rotativo.

Cena de “Coração do Espantalho”, de Naufus Ramírez-Figueroa
Cena de “Coração do Espantalho”, de Naufus Ramírez-Figueroa - Leo Eloy/Estugio Garagem/Fundação Bienal de São Paulo/Divulgação

PROGRAMAÇÃO DO FIM DE SEMANA
Sábado (10/12)

15h às 15h20 - Peça de Teatro "Coração do Espantalho", de Naufus Ramírez-Figueroa
Detalhes aqui.
16h às 18h - Oficina de experimentação culinária, com Neka Menna Barreto
Inscrições aqui
Mais informações aqui
18h às 20h - Ativação da obra "Tabombass", de Vivian Caccuri com Victor Rice e Yellow P
Detalhes aqui
Domingo (11/12)
10h às 12h - Potes paisagem, com Jorge Menna Barreto
Detalhes aqui

DESTAQUES POR ANDAR

Térreo
Frans Krajcberg

O polonês, que vive na Bahia, utiliza a natureza como temática e material de suas obras. Na Bienal, apresenta, logo na entrada do Pavilhão, um conjunto de esculturas: "Gordinhos", "Bailarinas" e "Coqueiros". De escalas e dimensões variadas, as obras são feitas de troncos, cipós e raízes.

Jonathas de Andrade
Em "O Peixe" (2016), filme inédito, o alagoano acompanha os rituais e as técnicas de pescadores pelas marés e manguezais de Alagoas. O trabalho é uma mistura de documentário e ficção.

Bené Fonteles
O sincretismo simbólico e a cocriação presentes na trajetória do paraense são traços importantes de "Ágora: OcaTaperaTerreiro" (2016). A construção de teto de palha e paredes de taipa irá receber convidados e público para conversas.

Lais Myrrha
A mineira ocupa o vão com "Dois Pesos, Duas Medidas" (2016), obra composta de duas torres: uma com materiais de construções indígenas, outra com itens de edificações brasileiras.

"Dois Pesos, Duas Medidas", de Lais Myrrha
"Dois Pesos, Duas Medidas", de Lais Myrrha - Pedro Ivo Trasferetti/Fundação Bienal de São Paulo/Divulgação

José Bento
O baiano exibe duas obras. "Do Pó ao Pó" (2016), inédita, é composta de caixinhas de fósforos expostas sobre estruturas de bancas de camelô. Já no 2º andar, ele ocupa uma área de 627m com "Chão" (2004-2016), obra que simula uma experiência de instabilidade ao caminhar.

Rachel Rose
A norte-americana trabalha com vídeos e instalações. Em "A Minute Ago" (Um minuto atrás; 2014), ela traz uma reflexão sobre a experiência da catástrofe. Em "Everything and More" (Tudo e mais um pouco; 2015), a artista explora a sensação de descolamento da Terra relatada por um astronauta.

Tracey Rose
A africana criou a série de esculturas "A Dream Deferred" (Mandela Balls) (Um sonho adiado, bolas de Mandela). Ainda em curso, ela é composta de bolas feitas com materiais como papel e filme de PVC. A obra faz referência aos testículos de Nelson Mandela: seu legado real e mitologizado.

1º andar
Carolina Caycedo
A britânica investiga os danos das construções de barragens de água. Em "A Gente Rio" (2016), ela apresenta obras como tarrafas (redes) inseridas nos vãos do Pavilhão e montagens de fotos de satélite de usinas hidrelétricas (2º andar).

Cristiano Lenhardt
O gaúcho exibe "Trair a Espécie" (2014-2016), uma série de figuras feitas de cará (tubérculo), que ficam espalhadas pelo espaço, e "Uma Coluna" (2016), obra que nasce durante a abertura, quando dançarinos entrelaçam colunas do Pavilhão como na dança popular do pau de fita.

Carla Filipe
Na parte de fora do Pavilhão, a portuguesa apresenta "Migração, Exclusão e Resistência" (2016). A artista parte de uma pesquisa iniciada por ela em 2006 sobre a construção de hortas e de jardins em ambientes urbanos.

Obra de Carla Filipe
Obra de Carla Filipe - Pedro Ivo Trasferetti/Fundação Bienal de São Paulo/Divulgação

Leon Hirszman
Em seu cinema, o carioca (1937-1987) considerava como tarefa registrar a luta e a resistência da classe operária. É o caso da trilogia "Cantos de Trabalho" (1974-76), que traz a atividade de trabalhadores rurais em Chã Preta (AL), Itabuna (BA) e Feira de Santana (BA).

Maria Thereza Alves
A paulistana, que vive em Berlim, exibe "Uma Possível Reversão de Oportunidades Perdidas" (2016). Por meio de cartazes para conferências fictícias, ela questiona, entre outros aspectos, a ausência da cultura indígena no ambiente acadêmico e na vida pública brasileira.

Rita Ponce de León
A peruana criou a instalação "En Forma de Nosotros" (Na forma de nós mesmos; 2016). Nela, os visitantes são convidados a acomodarem partes de seus corpos em cavidades de uma estrutura de barro. As posições foram criadas com base nos gestos de uma dançarina.

2º andar
Alia Farid

A kuwaitiana criou o vídeo Maarad Trablous (A exposição de Trípoli; 2016) num conjunto arquitetônico desenhado por Oscar Niemeyer na cidade de Trípoli, no Líbano. Em estado de ruína, essas estruturas já abrigaram munição, milícias e refugiados, e são usadas para espaço de lazer.

Anawana Haloba
Nascida na Zâmbia, ela mostra Close-Up (2016). A instalação tem elementos sonoros e cubos de sal eles passam por processos de liquefação e gotejamento.

Antonio Malta Campos
O paulistano apresenta Misturinhas (2000-2016), série que utiliza diferentes elementos, como guache, desenho e recorte. Há, também, um conjunto de obras que colide a tradição do formalismo pictórico à ironia gráfica.

Barbara Wagner
As fotos da série Mestres de Cerimônias (2016) registram a realização de videoclipes brega. A artista, nascida em Brasília, também apresenta Estás Vendo Coisas (2016), filme criado com Benjamin de Burca.

A artista Ana Mazzei em frente sua obra
A artista Ana Mazzei em frente sua obra - Patricia Stavis/Folhapress

Ana Mazzei
"Espetáculo" (2016), instalação da paulistana de 36 anos, é uma obra com peças em madeira. Elas funcionam como protagonistas de um teatro sem ação.

Dineo Seshee Bopape
Criado para a Bienal, o site-specific do artista, nascido na África do Sul, é composto de estruturas de terra comprimida e de objetos que têm formas que lembram jogos de tabuleiros chamados Morabaraba (Mancala) e Diketo semelhante ao que conhecemos no Brasil por Trilha. A obra trata, entre outros aspectos, de ocupação e de exclusão da terra.

Francis Alys
O belga criou uma instalação que investiga a noção de catástrofe. Intitulada "In a Given Situation" (Em uma dada situação; 2010-2016), a obra, dividida em três momentos, traz um conjunto de desenhos com esquemas mentais, fenômenos e ideias, pinturas de paisagem e um filme de desenhos animados.

Dalton Paula
Nasérie "Rota do Tabaco" (2016), pratos de cerâmica tornam-se suportes para as pinturas do brasiliense. Para criar o trabalho, ele viajou a três pontos da rota: Piracanjuba, em Goiás, Cachoeira, no Recôncavo Baiano, e Havana, em Cuba.

Ebony Patterson
Apesar de vibrantes e ornamentadas, as tapeçarias criadas pela jamaicana retratam, por exemplo, cenas de violência. Os painéis feitos para a Bienal tentam traçar paralelos entre o Brasil e a Jamaica a partir de índices de assassinato de crianças e jovens negros nos dois países.

Vivian Caccuri
Nascida em São Paulo, ela mostra TabomBass (2016), um sistema de som feito com alto-falantes empilhados. Diante deles, velas acesas dançam de acordo com o ritmo. Os sons graves foram compostos por artistas da cidade Acra, em Gana, onde a artista passou um período pesquisando.

A artista Vivian Cacuri em sua obra
A artista Vivian Cacuri em sua obra - Patricia Stavis/Folhapress

Grada Kilomba
A escritora, teórica e artista portuguesa apresenta a videoinstalação "The Desire Project" (O projeto desejo; 2015-2016) e a performance Illusions (Ilusões; 2016), que utiliza a tradição africana de contar histórias.

Hito Steyerl
A videoinstalação "Hell Yeah We Fuck Die" (2016) propõe uma espécie de hino para o nosso tempo. A obra é acompanhada de uma trilha sonora composta pelo DJ alemão Kassem Mosse a partir das palavras do título: inferno, sim, nós, foda e morrer.

Luiz Roque
Nascido no Rio Grande do Sul, o artista, que vem realizando pesquisas sobre gênero, apresenta o filme "Heaven" (Paraíso; 2016). Nele, os órgãos de saúde levantam a hipótese de que uma epidemia desconhecida é transmitida pela saliva de transexuais.

Mariana Castillo Deball
A mexicana exibe "Hipótese de uma Árvore" (2016), uma estrutura de bambu em forma de espiral que remete a um esquema de representação da evolução das espécies.

Pia Lindman
"Nose Ears Eyes" (Nariz orelhas olhos; 2016), estrutura criada pela finlandesa que remete a uma oca, busca evidenciar a relação entre diferentes seres em um ambiente multissensorial.

Pierre Huyghe
Os trabalhos do francês passam por ficção e realidade. Na Bienal, ele apresenta o vídeo "De-Extinction" (Des-extinção; 2016), que capta com câmeras especiais imagens microscópicas de uma amostra de âmbar. Há também uma sala, de onde se avista o parque, na qual insetos sobrevoam.

Rayyane Tabet
O projeto "Sósia" (2016) tem como ponto de partida a imaginação do artista sobre a diáspora libanesa no Brasil. O trabalho consiste na tradução do português para o árabe do romance Um Copo de Cólera (1978), de Raduan Nassar.

3º andar
Erika Verzutti

A paulistana apresenta três painéis comissionados para esta Bienal, "Nova", "Halo" e "Branco" (2016). Situados entre a pintura e a escultura, eles são feitos de materiais como papel machê. As obras remetem tanto a uma ideia de escrita pré-histórica nas cavernas quanto à representação de um céu noturno.

Erika Verzutti em sua obra, na Bienal
Erika Verzutti em sua obra, na Bienal - Patricia Stavis/Folhapress

Gilvan Samico
Mitos e cosmologias estão presentes nas gravuras do pernambucano (1928-2013). Produzidas entre 1975 e 2013, elas têm como influência a arte popular nordestina, caso da literatura de cordel e do Movimento Armorial.

Carlos Motta
"Em Rumo a uma Historiografia Homoerótica" (2013-2014), o colombiano investiga o papel da colonização em processos de opressão da sexualidade dos povos. Já na série "Autorretratos sem Título" (1998-2016), o artista apresenta personagens híbridos de gênero e de raça.

Jordan Belson
Os filmes do artista norte-americano exploram a relação entre forma, movimento, cor e som. Em "Samadhi" (1967), importante trabalho de sua trajetória, ele aborda a relação entre percepção espiritual e teoria científica.

José Antonio Suarez Londoño
A série "Planas: Del 1 de Enero al 31 de Diciembre del Año 2005" (Estudos: de 1 de janeiro a 31 de dezembro de 2005) tem caráter de diário de apontamentos visuais. Em suas 365 páginas, há, entre outros registros, detalhes de paisagens e corpos, além de escritos e datas.

Kathy Barry
Na série de aquarelas "Sem Título" (2015-2016), a artista, nascida na Nova Zelândia, constrói diagramas que operam como uma coreografia anotada. Eles correspondem à sequência de movimentos representados por ela no vídeo homônimo, de 2016.

Lourdes Castro
Em "Sombras à Volta de um Centro" (1980-1987), a portuguesa constrói um herbário (coleção) de rastros topográficos a partir do contorno das sombras formadas por uma jarra de flores. Em "Um Outro Livro Vermelho", iniciada em 1973 com Manuel Zimbro, ela reúne objetos vermelhos.

Lyle Ashton Harris
O material que integra a instalação audiovisual "Uma Vez, Uma Vez" (2016) é fruto da convivência, nos anos 1980, da artista norte-americana com grupos afetados pelo vírus HIV. A arte pop, a estética da contracultura e linguagem erótica permeiam seu trabalho.

Obra de Victor Grippo
Obra de Victor Grippo - Patricia Stavis/Folhapress


Sonia Andrade
Pioneira na produção em vídeo, nos anos 1970, a carioca participa da mostra com o trabalho "Hydragrammas" (1978- -1993), um conjunto de cerca de cem objetos e de suas respectivas reproduções.

Susan Jacobs
Evocando imaginários relativos à alquimia, a australiana constrói a instalação "Through the Mouth of the Mantle" (Através da boca do manto; 2016). Ela parte de experimentos caseiros nos quais corpos inanimados parecem ganhar vida de forma mágica.

Wilma Martins
Artista veterana, a mineira trabalha com desenhos, gravuras e pinturas. Na série "Cotidiano" (1975-1984), animais silvestres e vegetações surgem e espalham-se por espaços domésticos aparentemente ordinários.

Víctor Grippo
As instalações do argentino (1936-2002) utilizam cerca de 500 quilos de batatas. Em "Analogía I" (1970), há a ideia de ciclo: a energia contida nas batatas sobre a mesa retorna à terra e se renova para se transformar novamente em energia e alimento. Já "Naturalizar al Hombre, Humanizar a la Naturaleza, ou Energia Vital" (Naturalizar o homem, humanizar a natureza, ou energia vegetal; 1977) é formada por uma mesa de batatas e um conjunto de frascos de laboratório com líquidos coloridos.

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