Estamos na São Paulo do século 21, e eis que sou transportada para um clássico do cinema italiano dos anos 1970, "A Comilança", de Marco Ferreri (1928-1997).
O "Guia" me convidou para provar quitutes diferentes (bizarros? trash? excêntricos? insólitos?) pela cidade e, enquanto eu abocanhava receitas como um hambúrguer chafurdado num fondue de queijos –que não dá para comer com as mãos ou dá e, aí, oxalá ninguém te observe, porque vira uma lambuzeira só–, ficava a imaginar aqueles glutões do filme a comer "cabritos de olhos doces", "javalis selvagens" e "inocentes cordeiros" até a morte, numa mansão no campo.
Na vida real, tomaram o lugar das nobres carnes de caça invenções como o Sushiburguer –no qual discos de arroz empanado ensanduicharam nacos insossos de salmão, com cream cheese e molho tarê, ultradoce– e os pastéis de 28 centímetros e mais de 500 g, socorro, que valem por uma refeição. A saber: pastel de parmigiana, de lasanha, de estrogonofe. Singelos.
Pois bem, sobrevivi (e me diverti), ainda que, no fim, tenha sido transportada até em casa por um Uber aromatizado com um sabonete Phebo fora da embalagem e apoiado embaixo do freio. Vamos em frente.
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