Carta do "Guia": leitora conta como conheceu seu amor após uma "cadeira quebrada"

Foi um encontro casual, mas contando pode parecer até que já estava tudo combinado: dia, local, hora e destino. Era 12 de agosto de 2006 e eu já aguardava ansiosa para uma sessão do bem falado documentário Buena Vista Social Club, de Wim Wenders, no Centro Cultural São Paulo. Podia observar, ao lado das escadarias, o movimento das pessoas que já se juntavam à fila, e foi nesse breve momento de observação que o vi chegar.

Alto, todo vestido de preto e segurando os fones de ouvido: concentrado na música que tocava, talvez? Olhei meio de rabo de olho, mais por curiosidade. Mas confesso que até pensei ser uma figura interessante, diferente. Ele caminhou para o fim da fila —era um dos últimos— e eu voltei a me concentrar, contando os minutos para entrar.

Crédito: Arquivo pessoal Manoel conheceu a esposa Débora durante filme; encontro ocorreu porque uma cadeira do local do evento estava quebrada
Manoel conheceu a esposa Débora durante filme; encontro ocorreu porque uma cadeira do local do evento estava quebrada

Já meio impaciente, curvei a cabeça para trás e, antes que ele pudesse desviar os olhos de mim, consegui perceber suas pupilas se abrindo num susto, como quando um gato é pego no flagra, de surpresa. E o olhar se tornou recíproco. Eu o fitei mais uma vez e voltei a olhar para a frente, com sorriso meio orgulhoso e meio envergonhado.

Enfim, a sessão foi aberta e eu desci as escadas buscando o melhor lugar —fileira do meio, poltrona do meio—, preferido por muitos, inclusive por ele, que se sentou uma poltrona distante de mim, fato que durou pouquíssimo tempo.

Pude ouvir o estalo, só que continuei olhando para a tela, para o teto, disfarçando o máximo possível. Ele então se levantou e, gentilmente, explicou o ocorrido, lançando um pedido em seguida:

— Moça, minha cadeira quebrou, posso me sentar ao seu lado?

Ao que eu, depois de pensar seriamente —só que não— por 10 segundos, respondi:

— Claro!

Depois de trocarmos nomes, durante o filme ainda conseguimos comentar os momentos mais bacanas, opinar sobre as melhores músicas e dar alguns sorrisos juntos. O papo fluido continuaria em um barzinho de esquina e aquela seria a primeira noite de um amor que comemora seu 8º aniversário este ano.

Pode parecer coisa de cinema, pode parecer mentira e até uma coincidência acima do possível. Mas, como o clichê costuma dizer, a vida também pode imitar a arte. Manoel e eu nos casaremos este ano e, sim, nós sempre teremos Buena Vista!

Débora Rodrigues, 28 anos, jornalista e noiva de Manoel C.C Araújo, 38 anos, designer gráfico.


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