A cozinha com toque familiar, aparência descomplicada e preços confortáveis tem ganhado algum fôlego em São Paulo, especialmente ancorada em pratos de raízes brasileiras. O Bona Gastrosimplicidade vai nessa linha, com um diferencial: a presença de sabores ibéricos.
Aberto no final do ano passado, agora também no jantar, o restaurante, de sócios do Gardênia, tem na cozinha o espanhol Raúl Florenza. O chef domina técnicas modernas da sua terra, mas as utiliza para obter resultados que sugerem uma cozinha rústica e simples.
Mas são pratos apurados. As manjubinhas (o cardápio fala em sardinha, mas sempre estavam em falta) marinadas, entrada com apresentação mais rebuscada, trazem os filezinhos firmes e saborosos, com molho de maracujá (reduzido e nada doce) e chips de batata-doce.
O chef faz suas interpretações, inclusive nas receitas de sua terra natal. As batatinhas bravas ganham suave ferocidade graças ao catchup picante artesanal Strumpf. O polvo à feira, no lugar de cozido, é feito na chapa, e as batatas, em vez de aparecerem em rodelas, são cremosas e gratinadas (mais "comfort" impossível).
De extração portuguesa, o arroz de pato tem a ave feita na brasa –o gosto do fogo é até exagerado, mas original. A costela de porco já desossada torna "confortável" o ato de comê-la –é acompanhada por cebolas caramelizadas e purê de batata desnecessariamente "trufado".
Até estrogonofe tem no Bona –compondo uma refeição caseira com o pudim de leite condensado... (Nas sobremesas também vale experimentar a musse de chocolate com nozes e laranja –o cítrico da fruta sempre é boa companhia para o chocolate.)
Movimentado no almoço, vazio à noite, o Bona vale a visita. É uma cozinha que vende simplicidade, mas não deixa de ser autoral, o que lhe confere um interesse adicional.
Avaliação: bom
R. Álvaro Anes, 43, Pinheiros, tel. 3812-8400. Seg. e ter.: 12h às 15h. Qua. a sex.: 12h às 15h e 19h30 às 23h. Sáb.: 13h às 16h30 e 10h às 23h30. Dom.: 13h às 16h30.
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