Grandes restaurantes são a glória, mas no dia a dia nada melhor do que comer nas redondezas algo de sabor e preço do cotidiano.
É o que poderia ser o Quartiere: a quilômetros dos Jardins, e mesmo assim bem resolvido na atmosfera e no cardápio, a minutos de quem mora no bairro.
O problema é que a comida também tem que ser boa.
O cardápio é sedutor, naquele padrão cantineiro paulistano. Tem somente um defeito –já que não é uma cantina típica, já que tem dry martíni no cardápio– poderia ter opções menores de massas para a gente brincar de Itália e comer como entrada.
Mas tem também o fato de que, não sendo uma cantina popular, a gente espera receitas mais autênticas. Não um molho Alfredo com creme de leite, que levaria ao suicídio o criador (não que na Itália seja grande coisa, mas eles suam para, somente com queijo e manteiga, fazer uma emulsão cremosa).
E tem uma coisa com aquela mozarela, que in natura pode até ser boa, mas que nos pratos aqui não funciona.
Veja o polpettone: se for fazer como o original, não seria nada daquilo servido aqui; se for na versão cantina paulistana, então a mozarela tinha que sair "al telefono" (com o queijo esticando), não um recheio pastoso.
Sem falar do molho, que na invenção cantineira, teria que ser longamente apurado (seria melhor: o daqui, mais leve, pode ser bom para uma massa, mas não para essa carne toda).
E a massa (caseira), pesada (começando pelo nhoque frito e duro da entrada)? E o tiramisù (também adaptado), que visualmente poderia ser uma das fotos intragáveis da Martha Stewart? (Ah, a paleta de cordeiro assada é legal.) Enfim, a ideia do Quartiere é deliciosa, a comida precisa ser também.
Avaliação: ruim
R. Pe. Chico, 324, Perdizes, tel. 2924-1159. Seg. a sex.: 12h às 15h e 19h às 24h. Sáb.: 12h às 17h e 19h às 24h. Dom.: 12h às 17h. Dia 1º: fechado.
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