Paris é cheia de cafés abertos o dia todo, onde se come e se bebe e se vê a vida passar na calçada. Mas se alguns são acolhedores, quase extensões da casa dos parisienses do bairro, outros são armadilhas para turistas, numa cidade repleta deles.
Obra de dois franceses, Petrit Spahija (que era sócio do extinto Meating) e Raphael Chiappero, que trabalhou em restaurantes de vários países, o Rendez-Vous busca reproduzir aquele primeiro tipo.
A localização é adequada: no ponto que foi do Le French, fica numa esquina no bairro de Pinheiros lugar que, aliás, sempre considerei, e cada vez mais o faço com o passar do tempo, uma espécie de Rive Gauche paulistana, em contraste com a Rive Droite dos Jardins, separadas por um improvável Sena de automóveis chamado avenida Rebouças.
No ar gauche de Pinheiros, o Rendez-Vous preenche alguns requisitos de sua vocação. Cozinha francesa simples e barata e menu para o dia todo. Dessa carta se destacam o patê de fígado de aves, o frango assado com limão-siciliano, a cremosa batata assada do acompanhamento, o tartare bem temperado (embora sem ovo, curioso), as profiteroles (apesar da calda muito doce). Por outro lado, pecam, em parte, a blanquette de veau (com molho um tanto ralo), o croque monsieur (não é mau sanduíche, mas não é gratinado, como assim?) e as batatas gratinadas em um creme ressecado.
Mesinhas na calçada para bebericar, comer ou tomar café: nota dez. Em oposição, ambiente interno estranhamente dominado por preto e cinza. Vinhos poucos, mas orgânicos e baratos, inclusive em taças contra uns esquisitos copos feitos de vidros de conserva nos quais a caipirinha fica excessiva e difícil de beber sem canudo.
Barato e sem afetação, o Rendez-Vous lembra mesmo uma França de cafés de vizinhança.
Avaliação: regular
R. Fradique Coutinho, 179, Pinheiros, tel. 4564-0146. [Mais]
11h45
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