Criolo lança disco com pão murcho, cavaquinho do Grajaú e Tulipa Ruiz

O clima era de festão. Mal Criolo entoou a terceira música, "Esquiva da Esgrima", o público já tinha deixado as cadeiras para se amontoar em frente ao palco do teatro do Sesc Vila Mariana, na noite de quinta-feira (13) de chuva fininha. A apresentação, a primeira de quatro que serão feitas no espaço até domingo (16), marcam o lançamento de "Convoque seu Buda", o terceiro álbum do rapper. Os ingressos estão esgotados.

O disco, que chegou três anos após o aclamado "Nó na Orelha", segue a mesma linha do antecessor, com letras que fazem retratos da cidade e da sociedade de consumo e melodias que transitam entre samba, rap, rock, reggae e forró. Tanto que, para a plateia menos fiel —que era mínima—, podia até ficar complicado distinguir o que era de "Nó" e o que era de "Buda".


Durante o show de quase duas horas, ele intercalou as composições de seus discos e as camisas —começou com uma bata escura, trocou por uma verde amassada, depois surgiu com uma espécie de capa preta com mangas morcego e finalizou com uma bata branca longa. Vinha "Mariô" e "Subirusdoistiozin" ("Nó"), depois "Casa de Papelão", "Duas de Cinco" e "Plano de Voo" ("Buda"), e por aí vai.

Os convidados do músico criaram momentos especiais no show. O primeiro foi Neto, do Síntese, que entrou tímido, gesticulando para a banda de apoio. Mas assim que começou a rimar, pareceu tirar algo de dentro como se estivesse prestes a explodir. A plateia respondeu bem e antes de sair, pediu muito barulho para Jesus Cristo, e foi atendido.

Depois de "Lion Man" e "Grajauex", veio uma pausa tão rápida, que nem deu para ver como uma fã foi parar no palco para arrancar um longo abraço apertado do ídolo. Assim que ela voltou ao seu lugar, o show continuou com Ricardo, do Pagode da 27, do Grajaú, que foi muito aplaudido e elogiado, entre alguns gritos histéricos, quando tocou "Fermento pra Massa" ("Buda").


Aos som dos primeiros versos,"Hoje eu vou comer pão murcho/Padeiro não foi trabalhar/A cidade tá toda travada/É greve de busão tô de papo pro ar", Criolo distribuía pães —que a repórter não teve acesso para saber se estavam mesmo murchos ou não.

Tulipa entrou de vestido dourado, como num embrulho, para combinar com "Cartão de Visita" ("Buda"), que ela cantou com o artista inclusive no álbum. Foi outro ponto alto do show que durou mais do que os 90 minutos programados, mas que pela energia poderia ter durado muito mais. E olha que ele voltou duas vezes para o bis.

ABAIXO, OUÇA "CONVOQUE SEU BUDA":


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