Caê Rolfsen apresenta "A Nave de Odé" em show nesta sexta, leia entrevista

O multi-instrumentista Caê Rolfsen mostra seu segundo disco, “A Nave de Odé” (2016), nesta sexta (1º), na Serralheria.

O álbum tem influência das músicas brasileira, africana e jamaicana, e conta com participação de músicos da cena paulistana, como o saxofonista Thiago França e a cantora Juçara Marçal (ambos do Metá Metá). ​


O músico Caê faz show nesta sexta (1º)
O músico Caê faz show nesta sexta (1º) - José de Holanda/Divulgação

“É muito difícil definir como algum gênero específico”, diz Caê ao “Guia” sobre a sonoridade do novo trabalho, lançado quatro anos depois de seu primeiro disco, “Estação Sé”. “Eu diria que sua essência foi um reencontro com a música que eu escutava na minha adolescência, que são os sons da África”.

No intervalo entre os dois discos, o músico compôs trilhas sonoras e produziu discos. “Rolou muita coisa nesse meio tempo. A gente sempre faz um disco quando temos algo a dizer, e eu acho que eu estou nesse momento”, diz ele.

No show, além do disco ser reproduzido na íntegra, Caê vai mostra uma faixa inédita, “Quanto Custa”, uma parceria sua com o poeta arrudA. “É um poema dele que eu musiquei. A gente tem feito algumas parcerias, acho que esse é o quinto poema dele que eu faço isso. Quem sabe isso não vira um disco no futuro”, brinca.

Serralheria Espaço Cultural - r. Guaicurus, 857, Lapa, região oeste, tel. 2592-3923. 200 pessoas. 23h30. 100 min. 18 anos. Ingr.: R$ 15 (antecipado p/ site) e R$ 20. Ingr.p/ gorockbee.com.br.


Confira entrevista com o músico.

Como foi o processo para fazer “A Nave de Odé”?

Olha, acho que a gente nem sabe muito bem no começo. Vamos vivendo um processo durante a pesquisa e a feitura do álbum. Uma grande força desse CD foi essa minha volta aos sons da minha adolescência. Eu escutei muito disco de reggae que há um tempo eu não escutava. Foi um processo novo, porque foi o primeiro disco em que eu produzi e gravei ele todo no meu estúdio. Foi um processo muito intenso e enriquecedor.

O disco traz uma relação muito forte com a cultura africana e os orixás. Como isso se deu?

Meu primeiro contato na verdade começou através da música. Desde a adolescência eu buscava repertórios e maneiras de tocar de samba e através dessa pesquisa eu cheguei no disco “Gente da Antiga” (1968), que reúne Clementina de Jesus, João da Baiana e Pixinguinha. E ali eu saquei um samba que vinha de outro lugar, que vinha dos terreiros da Bahia. E não tem como você vivenciar e se aprofundar nessa música se você não entender esse universo afro religioso. A partir disso, eu quis cada vez mais saber dos orixás.

Por que a escolha desse nome para o disco?

A ideia da nave como representação do que eu imagino que seja uma ponte, uma comunicação mais suave entre o ser humano e as forças místicas da natureza, o que está além dessa nossa vida mundana. A palavra “odé” quer dizer caçador, e ele é muito ligado à mata. Para além disso, ele representa muito essa conexão do homem com o divino, com a natureza em um sentido amplo, num sentido cósmico.

Você enxerga na cena musical atual uma retomada da cultura africana?

Eu vejo que cada vez mais pessoas estão se interessando por essa cultura e eu acho que isso é muito importante em um tempo em que temos tantos ataques de intolerância com religiões de matrizes africanas. Eu vejo isso com um olhar muito feliz, que desmistifica a má interpretação que foi feita da cultura africana pelos colonizadores.

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