Felipe Andreoli e Fernando Muylaert reforçam temporada do Santa Comédia

Pode ser reflexo do famoso estresse paulistano, motivado por congestionamentos, violência e poluição da "terra do trabalho". O fato é que o público que busca alívio no humor tem se identificado com a comédia stand-up, baseada na observação dos incômodos e absurdos do cotidiano. Com o sucesso do gênero, grupos de humoristas se proliferam pela cidade.

Crédito: Rafael Guadeluppe/Divulgação

Uma das novidades é o paranaense Santa Comédia, que se apresenta aos domingos no Bleecker St., na região oeste da capital paulista --os ingressos custam de R$ 15 a R$ 30. O show de Victor Hugo, Fábio Lins e Marco Zenni já existe há quase dois anos, mas ganhou o reforço de Carol Zoccoli, Felipe Andreoli e Fernando Muylaert para estrear em São Paulo.

O formato stand-up se caracteriza pelo despojamento: não há cenografia, figurino ou sonoplastia. Os textos devem ser de autoria do humorista, o que permite que o público conheça um pouco do temperamento e das eventuais neuroses de quem está no palco.

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Crédito: Eduardo Muylaert/Divulgação

Prozac

Carol Zoccoli, por exemplo, não teme expor seu lado depressivo. No palco, ela conta que toma Prozac, e faz piada com o fato de ser baixinha --tem 1,49 m de altura.

Provoca um estranhamento inicial, mas sua sinceridade acaba conquistando o público, ainda pouco acostumado a ver mulheres fazendo comédia stand-up --apesar de nomes como Dani Calabresa, Marcela Leal e Angela Dip estarem mudando esse cenário.

"Existe uma lenda de que mulher não é engraçada", diz Zoccoli, uma estudiosa do gênero. Ela cita o comediante Lewis Black, para quem a dificuldade de uma mulher em ser engraçada é no mínimo 50% maior que a do homem.

"Hoje em dia, tem muita piada de banheiro masculino", lamenta a comediante, que prefere o humor crítico, como o dos americanos George Carlin (morto no ano passado) e Wanda Sykes.

Novato no meio, Fernando Muylaert também diz confiar no poder da sinceridade. "O que eu conto é muito pessoal. É a minha vida mesmo, às vezes exagerando e outras vezes até tirando, porque se eu contar ninguém vai acreditar", diz.

Mas e se o público não der risada da sua vida? "Olha onde é a janela da casa de shows e se joga", brinca, antes de avaliar: "Se o público não estiver rindo de nada é porque o seu texto pode estar com problemas. Procure um especialista e volte depois de dois anos".

Crédito: Divulgação

Fãs

O público que comparece à apresentação do Santa Comédia é jovem, como é habitual nos show de stand-up, e algumas garotas vão ao Bleecker St. para ver Andreoli, repórter do programa "CQC", da Band.

Na noite em que a Folha Online esteve na casa, ele não se apresentou, para tristeza das fãs.

É difícil dizer se a atual febre da comédia stand-up ainda vai durar em São Paulo. Muylaert aposta numa possibilidade darwiniana: "Todo mundo ama e precisa dar risadas para levar uma vida melhor. Ir ao teatro para rir [é algo que] nunca vai acabar. Mas com o tempo, provavelmente, esse formato [stand-up] deve perder a força. Acho que vai haver uma seleção natural. Hoje existem muitos grupos; os melhores sobreviverão".

O show acontece todo domingo, sempre às 21h, até o próximo dia 19.

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