Prédios do vale do Anhangabaú 'trocam olhares' em intervenção durante a Virada Cultural
Público poderá subir no edifício mais alto do centro de São Paulo e interagir com paisagem
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Janelas e varandas com vizinhos debruçados e conversando entre si são uma cena comum no imaginário interiorano e até das periferias de São Paulo. No centro da capital, todo espetado por arranha-céus, essa humanidade é substituída pela frieza do concreto e do vidro das fachadas, que escondem os humanos dentro das construções.
Mas nesta edição da Virada Cultural, quem circular pelo vale do Anhangabaú poderá notar alguns olhos bem atentos em algumas janelas por ali.
Criados com o uso de inteligência artificial e inspirados em animais silvestres que habitavam o Rio Anhangabaú, eles fazem parte da intervenção urbana "Olhos nos Olhos - Janelas da Alma", do artista visual Charly Andral, que desde 2020 pesquisa os limites entre a floresta e a cidade a partir do 43º andar do edifício Mirante do Vale.
Os olhos já estão expostos -e piscando- desde quarta (24), e seguem assim até segunda (29). Mas na noite da Virada Cultural, o público poderá subir gratuitamente no edifício mais alto do centro de São Paulo, no Andar43, espaço cultural sob curadoria de Andral. De lá, será possível não só contemplar o festival do alto, como também interagir com a paisagem —uma das mais impressionantes que se pode ter do centro da cidade, um andar acima do famoso Sampa Sky.
Todos os olhos da intervenção estão ligados por ondas de rádio a um mapa panorâmico no Andar43. Ao interagir com ele, os visitantes conseguem fazer piscar os diferentes olhos distribuídos nas janelas dos edifícios. A sensação ao mexer na traquitana é de que os edifícios, até então inanimados, de alguma forma tem algo vivo dentro de si.
"Como os animais, os prédios não têm voz, então imaginei uma fusão entre eles e a comunicação através do olhar. A troca de olhar é a primeira etapa para se ter consideração por alguém ou dar valor a alguma coisa", comenta Andral, que gosta de destacar a vida do centro da capital, onde também mora. "Se os olhos são as janelas da alma, então fica agora comprovado que os edifícios têm uma alma."
Enquanto recebe o público em seu espaço, o artista também pretende compartilhar o processo de criação da intervenção para que quem quiser também possa criar seus próprios olhos e instalá-los em suas janelas. "Seria maravilhoso se a instalação se estendesse de maneira orgânica para outros bairros. São Paulo é a cidade que não dorme, então seria até lógico que os prédios passassem as noites de insônia conversando, olhos nos olhos", completa.