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Museu Afro Brasil completa 20 anos com três novas mostras montadas a partir do seu acervo

Exposições refletem sobre símbolos de poder da África, arte popular e história da instituição

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São Paulo

Idealizado pelo artista baiano Emanoel Araujo (1940-2022), o Museu Afro Brasil ganha três novas exposições na próxima quarta-feira (23) para comemorar o seu aniversário de 20 anos.

Desde 2004, a instituição ocupa um prédio de 12 mil m² desenhado por Oscar Niemeyer (1907-2012), o Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega, no parque Ibirapuera. Ele abriga cerca de 8.000 obras que narram a história do Brasil e do mundo pela ótica da população negra.

À frente, escultura de J.C.F na exposição 'Popular, Populares' no Museu Afro Brasil - Folhapress

Parte desse acervo, em especial os exemplares de arte popular e africana, compõe os três recortes de outubro.

Segundo Hélio Menezes, diretor artístico do museu, a coleção tem uma peculiaridade. "Diferente de grandes museus ocidentais, nosso acervo não guarda qualquer relação com saques coloniais que aconteceram na África nos últimos séculos", pontua.

Nas novas mostras, há peças originais emprestadas de colecionadores ou de outras instituições, mas aparecem réplicas que se inspiram nas formas canônicas tradicionais africanas.

"Foi a solução adotada ao longo dos últimos 20 anos para dar acesso a obras que muitos brasileiros não teriam acesso de outra forma", afirma Menezes.

Além da África, as exposições exploram a arte popular do Brasil e a história do museu. Veja os destaques de cada uma.

Fachada do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo - Folhapress

Uma História do Poder na África
Destaca como o continente influenciou civilizações pelo mundo. Entre as obras, aparecem escaravelhos em formato de coração, originais do Egito. Com cerca de 2.000 anos, são feitos de faiança azul, um tipo de cerâmica, e eram usados durante mumificações.

Também fazem parte réplicas de tronos e coroas de outras regiões da África. Trabalhos contemporâneos completam a seleção de obras. O museu comissionou instalações das artistas Damara Inglês, da Angola, e Gisela Casimiro, da Guiné-Bissau. Tem curadoria de Vanicléia Santos.

Popular, Populares
Explora o que é arte popular brasileira com peças multicoloridas de cenas cotidianas e celebrações religiosas do país. Passa por retratos esculpidos em argila e pelo realismo fantástico de sereias e seres míticos.

Os objetos que abrem a mostra são carrancas —esculturas que ficam no nariz de embarcações—, produzidas por Francisco Biquiba e seus alunos. Algumas foram usadas no rio São Francisco como símbolos de proteção em travessias, mas depois se tornaram adornos desejados no mercado da arte.

Outro destaque é um quadro de 6 m de altura de Yêda Maria (1932-2016), que mistura colagem e pintura ao retratar Iemanjá.

Pensar e Repensar, Fazer e Refazer
Recupera obras das mais 300 exposições que ocuparam o museu nas duas últimas décadas. Há quadros de artistas negros do século 19 e 20 que aparecem em "Negro Pintores", de 2008.

Traz também retratos feitos na virada do século 20 pelo fotógrafo negro Militão Augusto de Azevedo (1837-1905). As imagens dialogam com fotos de outro artista, Ayrson Heráclito, sobre o universo de alimentos do candomblé.

Esculturas completam a seleção com peças geométricas, de Rubens Valentim, cobras de palha e búzios, de Mestre Didi, e um boabá, de Emanoel Araujo.

Museu Afro Brasil
Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 10, Vila Mariana, região sul. Estreia: qua. (23). Ter. a dom., das 10h às 17h. Grátis na qua. Ingressos a R$ 15 em museuafrobrasil.byinti.com