Com estreia de 'Ainda Estou Aqui', veja locais para conhecer a história da ditadura em SP
Capital conserva memória do período em monumentos e edifícios
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No filme "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, a família Paiva enfrenta uma mudança drástica na vida com o endurecimento da ditadura militar no Brasil, em 1970. Rubens, o pai, é capturado pelo regime e desaparece. A partir desse episódio, Eunice, a mãe, protagoniza uma longa jornada em busca pela verdade sobre o paradeiro do marido.
Inspirado no livro homônimo, escrito por Marcelo Rubens Paiva, um dos filhos do casal, a narrativa é protagonizada por Fernanda Torres e Selton Melo.
Entre as cenas mostradas, uma se passa na Sé, no 1º Cartório de Registro Civil de São Paulo, quando, em 1996, Eunice foi receber a certidão de óbito do marido.
Locais como esse, que preservam a memória da ditadura, ainda existem na cidade. Confira 11 lugares que podem ser visitados.
Cemitério Campo Grande
Fundado em 1953, foi utilizado para enterrar opositores políticos como indigentes, incluindo os militantes Emmanuel Bezerra dos Santos e Manoel Lisboa de Moura. A descoberta das covas ilegais ocorreu em 1979 pela Comissão dos Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos. O grupo localizou documentos do IML com uma letra ‘T’, indicando que as vítimas eram classificadas como ‘terroristas’ pela repressão.
Av. Nossa Senhora do Sabará, 1.371, Vila São Pedro, região sul. Todos os dias, das 8h às 18h
Cemitério Dom Bosco - Vala de Perus
Inaugurado em 1971 na zona norte, o cemitério ficou conhecido nos anos 1990 após serem encontrados 1.049 sacos com ossadas de pessoas também enterradas como indigentes durante a ditadura. Em homenagem às vítimas, Luiza Erundina (PSOL), prefeita da cidade à época, inaugurou no local o Monumento aos Mortos e Desaparecidos Políticos.
Est. do Pinheirinho, 860, Perus, região norte. Todos os dias, das 8h às 17h
Convento Santo Alberto Magno
Criado pela Ordem Dominicana em 1938, o convento virou um centro de encontro para estudantes e intelectuais católicos progressistas. Na ditadura, enfrentaram violações de direitos humanos e auxiliaram perseguidos políticos, resultando na prisão e tortura de integrantes, incluindo Frei Tito. Atualmente, é possível visitar a igreja ao lado do convento.
R. Caiubi, 164, Perdizes, região oeste. Seg. a sex., das 9h às 17h, com missas às 19h
Homenagem a Marighella
Quem passa ao lado de uma pedra alta na calçada da alameda Casa Branca não imagina que ela foi colocada para homenagear o guerrilheiro Carlos Marighella. O ex-integrante do Partido Comunista Brasileiro foi assassinado naquela rua, em operação de militares.
Al. Casa Branca, 815, Jardim Paulista, região oeste
Memorial da Resistência
Localizado no centro da cidade, o memorial é o maior museu de história dedicado à memória das resistências e da luta pela democracia no Brasil. Aberto ao público em 2009 no prédio onde, entre 1940 e 1983, operou o Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Dops), o local exibe exposições temáticas ligadas à época da ditadura militar. O próprio espaço faz parte do acervo do museu, pois lá os visitantes podem entrar em celas que eram usadas para confinar presos políticos da época. Até julho de 2025, apresenta a mostra ‘Uma Vertigem Visionária — Brasil: Nunca Mais’.
Largo General Osório, 66, Santa Ifigênia, região central. Qua. a seg., das 10h às 18h. Entrada grátis com reserva em memorialdaresistencia.byinti.com
Memorial da Luta pela Justiça
O casarão construído em 1919 abrigou as instalações das Auditorias Militares, onde ocorriam julgamentos de crimes considerados políticos. Durante as sessões, os réus passaram a denunciar as torturas sofridas. Em 2024, o prédio foi cedido à OAB-SP. Estão previstas homenagens a ex-presos políticos e acusados durante a ditadura em 2026.
Av. Brigadeiro Luiz Antônio, 1.249, Bela Vista, região central
Memorial USP
Inaugurado em 2011, na praça do Relógio, o memorial consiste em uma obra de placas de concreto com os nomes de professores, funcionários e estudantes da USP que foram mortos ou desapareceram durante a ditadura.
USP - pça. do Relógio, portaria 1 (cruzamento da av. Afrânio Peixoto com a r. Alvarenga), Butantã, região oeste
Monumento em Homenagem aos Mortos e Desaparecidos
Inaugurado em 2014, em frente ao parque Ibirapuera, o monumento de seis metros de altura foi projetado pelo arquiteto Ricardo Ohtake. As chapas brancas que formam a obra contêm os nomes de 436 mortos e desaparecidos políticos de todo o país.
Pq. Ibirapuera - av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 10, Vila Mariana, região sul
Praça Vladimir Herzog
No aniversário de 40 anos da morte do jornalista, assassinado nos porões do DOI-Codi, a pequena praça localizada atrás do prédio da Câmara Municipal passou a ter seu nome. O local conta com três obras de arte que homenageiam Herzog, além de abrigar a Escadaria da Liberdade.
R. Santo Antônio, 33-139, Bela Vista, região central. Ao lado do prédio da Câmara Municipal de São Paulo
Teatro Ruth Escobar
Inaugurado em 1963 pela atriz Ruth Escobar, destacou-se pela promoção da dramaturgia nacional, enfrentando repressão durante a ditadura. Em 1968, uma apresentação foi invadida pelo Comando de Caça os Comunistas, que espancou o elenco e destruiu o teatro.
R. dos Ingleses, 209, Bela Vista, região central. Programação e ingressos em teatroruthescobar.com.br
Tuca
O teatro da PUC-SP foi incendiado duas vezes durante o período da ditadura militar. Nos anos em que o AI-5 vigorou, o local se consagrou como um ambiente de resistência. Recebeu nomes como Elis Regina, Caetano Veloso e Vinicius de Moraes. Em 1988, o prédio foi tombado e, até hoje, mostra as marcas de incêndio, preservando a memória da resistência ao regime militar.
R. Monte Alegre, 1.024, Perdizes, região oeste. Programação ingressos em teatrotuca.com.br