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Passeios

Exposição 'Mundo Pixar' promete experiência interativa e entrega estúdio de fotos

Visita decepcionante, sem interatividade, resume-se a fila para fazer registros para redes sociais

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São Paulo

A exposição 'Mundo Pixar' completa um mês da sua estreia em São Paulo, no shopping Center Norte, com uma coleção de críticas de fãs e visitantes. Frustrados com as promessas não cumpridas de imersão, eles listam falta de interatividade e filas longas como os principais problemas da decepcionante visita.

Ainda que prometa um mundo de aventuras, com cenas divertidas e uma experiência imersiva, o evento expõe em seus 14 ambientes temáticos a beleza do vazio dos espaços instagramáveis, que existem em função de imagens feitas para redes sociais —a um custo que vai de R$ 48 a R$ 199 o ingresso.

Cenário do 'Viva: A Vida é uma Festa' da experiência Mundo Pixar - Divulgação

O passeio começa com o cenário de "Vida de Inseto" (1998), que logo escancara a falta de profundidade da exposição. A sala mostra o interior do formigueiro de Flik, com estátuas da formiga operária e de Dot como principais atrações. Um painel fotográfico e um túnel luminoso completam o ambiente e fim. Não há conteúdo interativo.

O segundo filme representado é "Os Incríveis" (2004). O ambiente, que simula o ateliê de Edna Moda, é amplo o suficiente para comportar a enorme fila à espera de uma foto com Zezé, o bebê da família de super-heróis. A estilista só aparece como uma estátua coadjuvante, e uma parede com capas de revistas, todas em inglês, completa a montagem sem vida.

Com o avançar dos cenários, os problemas se aprofundam. O próximo ambiente promete uma aventura rumo ao Paraíso das Cachoeiras. Porém, ainda que a reprodução da casa de "Up: Altas Aventuras" (2009) seja um espaço detalhado, resume-se a três locais... para mais fotos.

O corredor escolar de "Red: Crescer é uma Fera" (2022), na sequência, é ainda mais pobre. Armários de metal guardam objetos genéricos do contexto escolar, enquanto tablets permitem aos visitantes uma das únicas interações com a exposição. No centro da sala, uma versão gigante do panda-vermelho Meilin Lee é isolada por um cercado, o que enfeia o ambiente e repete o mesmo erro da primeira edição do evento.

A sucessão de erros e de espaços rasos está refletida nos comentários da classificação do evento Mundo Pixar no Google. A visitante Mariana Donato conta que levou o filho de dois anos por acreditar que o passeio seria lúdico. "O que encontrei foi o oposto. Nada podia ser tocado, o que transformou o passeio em um verdadeiro tormento", escreve na avaliação.

Outro internauta, identificado como Cesar Lima, resume a experiência como uma fila para fotos: "Você não consegue olhar e curtir o ambiente. Instrutores te forçam a ficar perto das paredes para conseguir comportar a fila".

Com longas filas e nenhuma interação, os ambientes se consolidam como estúdios fotográficos e impõem uma dinâmica de linha de produção para redes sociais: pegar a fila, entregar o celular, se posicionar para a foto e sorrir. Pronto, próximo.

A própria disposição da equipe de apoio e as regras do evento antecipam seus defeitos. Não é possível tocar em nada, nem mesmo nas estátuas dos personagens. Também não é permitido circular entre as salas. Se você sair do ambiente, não pode retornar.

Em cada espaço, um funcionário toma para si o ofício de fotógrafo e se encarrega de registrar os visitantes, todos munidos de celulares. As imagens são feitas na vertical, claro, o melhor formato para as redes sociais. As principais atrações também são cercadas por profissionais com câmeras, e as fotos são vendidas separadamente.

Nesta espécie de fordismo para Instagram, não há contemplação. Depois de posar ao lado de Ansiedade e Alegria, acabou o seu momento no estúdio de "Divertida Mente 2" (2024). Para observar os detalhes da mesa de controle foi preciso tirar uma foto. Não há tempo a perder.

A visita se encerra com cenários reciclados de outras exposições da Disney que passaram pelo Brasil, com os ambientes de "Procurando Nemo" (2004), "Carros" (2006) e "Toy Story" (1995), com estruturas semelhantes às apresentadas na D23 e na primeira versão do próprio Mundo Pixar, em 2022.

Ao fim da exposição, resta aos fãs uma loja com produtos oficiais, também alvos de queixas online. E uma última fila, desta vez para adquirir as fotos adicionais, por valores a partir de R$ 40.

Mundo Pixar
Shopping Center Norte - av. Otto Baumgart, 245, Vila Guilherme, região norte. Ter. a dom., das 10h às 21h. Até 31/8. Ingr.: em mundopixar.com. Crianças de até 2 anos e 11 meses não pagam