Quintal Paraense valoriza a culinária do Norte e mostra que vai além do tacacá
Com pratos incomuns em São Paulo, restaurante traz os sabores de Pará à cidade
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A comida paraense é uma das mais interessantes do Brasil, mas foi preciso que surgisse um meme com uma música da cantora Joelma para que o país descobrisse, somente no final do ano passado, um pouco mais sobre o tacacá, um dos símbolos da gastronomia da região Norte.
É verdade que durante muito tempo, a logística atrapalhou a chegada de produtos do Pará no Sudeste, mas atualmente o morador de São Paulo só precisa ir até a zona Norte da cidade para conhecer melhor essa culinária tão brasileira e descobrir que ela vai muito além desse caldo fervente com camarão seco, jambu e goma de mandioca.
O Quintal Paraense é como uma embaixada dos sabores do estado, e se destaca ao proporcionar uma experiência diferente, cheia de personalidade e com sabores que deveriam ser parte da vida de todos os brasileiros, mas que são surpreendentes e marcantes. Ali eles servem tacacá, é claro, mas também vatapá, maniçoba, caruru, caranguejo, filhote e até mesmo açaí com farofa peixe frito (não é nada do preparo doce demais que se popularizou pelo país). Tudo é muito bem feito e pode ajudar a conhecer melhor algumas das melhores comidas brasileiras.
Pegue o pato no tucupi (R$99), por exemplo, os paladares desacostumados podem se assustar com o quanto o caldo de mandioca e jambu, cheio de umami, acidez e aquela famosa dormência da folha, parece ativar papilas gustativas que a gente nem sabia que existiam. A coxa de pato chega deliciosa e quase se desfazendo em um preparo que lembra até o confit à francesa.
Tem também o filhote frito (R$ 84), esse peixe bem tradicional em Belém e que até outro dia era quase impossível de se encontrar em São Paulo. Servido crocante por fora o peixe é suculento e tem textura e sabor bem marcantes, que podem ser uma novidade agradável para quem está acostumado a peixes mais leves e de água salgada.
O cardápio da casa é tomado por pratos que dificilmente se encontram em outros lugares da cidade, com uma diversidade que gera vontade de experimentar de tudo. Para quem se sentir assim, a casa oferece uma degustação que serve até três pessoas e funciona como uma aula prática sobre a culinária paraense.
No menu pai d’égua (R$ 249) vem o famoso tacacá e também porções de maniçoba (folhas de mandioca cozidas por sete dias com carne de porco), vatapá (creme de camarão seco com dendê), caruru (creme de camarão seco com dendê e quiabo) e arroz paraense (cozido no tucupi com jambu e camarão seco). É tudo de que se precisa para experimentar os principais sabores do Pará.
Além dos pratos tradicionais, serve também petiscos que servem de entrada, como a unha de caranguejo (R$22), que lembra uma coxinha, mas é recheada com a carne do crustáceo muito bem temperada. Tem também um bolinho de maniçoba (R$ 28) que pode ser uma introdução a este prato e seu sabor intenso de carnes defumadas e folhas de mandioca.
Entre as sobremesas, a junara de cupuaçu (R$ 32) traz a fruta batida coberta com ganache de chocolate meio amargo que contrasta com seu sabor mais ácido e farofa de castanha do Pará que adiciona uma crocância bem-vinda.
O Quintal surgiu a partir de um trailer de comida do Pará na região central de São Paulo, mas acabou se firmando em um ponto fixo na Casa Verde, onde tem uma estrutura de restaurante muito mais apropriada para representar a culinária do estado. É uma excelente alternativa para quem quer ir além do meme e conhecer uma boa comida de verdade.