Básico bem feito, com detalhes que tiram a refeição do comum. Essa é a vocação do Cow Me Burger. Apesar da brincadeira com "cow" (vaca), a pronúncia fica mais para "call", como se pedisse: "me chame de hambúrguer".

A loja física, que nasceu como dark kitchen em São Bernardo na pandemia, faz dois anos no mês que vem. E se mantém fiel à proposta dos sócios de trabalhar com carnes de gordura marmorizada (angus e wagyu) e de produzir o blend dos cortes e os molhos.

Tudo é feito na parrilla, à vista do cliente. Ao sinal de interesse, o chef, Artur Nagae, explica como é o processo na brasa, feito na lenha de aroeira, que rende um leve defumado aos preparos —e mostra as carnes do blend.

Para provar o resultado, peça o sanduíche batizado com o nome do lugar. O Cow Me Burger (R$ 54) leva 160 gramas de carne, mix de queijos, bacon artesanal, cebola grelhada, molho de tomate secreto e maionese verde. A carne chega úmida, suculenta, e no ponto certo.

A mordida é prazerosa e (ainda bem) o tal molho secreto não escorre. Apesar do nome, está mais para um tomate concentrado, que se junta à carne em seus momentos finais na grelha, se fundindo em sabor e caramelização.

Mais simples, o cheese salada (R$ 48) leva a mesma carne, o mesmo queijo, alface picada, o molho de tomate secreto e maionese verde. O pão, apesar de não ser produzido na casa, é bem fofo, devidamente selado com manteiga na grelha, e não encharca. O queijo, casamento de prato e colby, tem toque adocicado e uma textura mais suave que o cheddar.

As fritas estão na média das que as hamburguerias paulistas oferecem, mas não à altura da qualidade do hambúrguer oferecido.

Felizmente, a falta de brilho pode ser compensada pelos ótimos molhos da casa. Mostarda, queijinho beleza (uma mistura cremosa e levemente ácida de queijos), maionese e ketchup.

Além das batatas fritas, a casa também tem boas pedidas de petiscos que fogem da obviedade, como nuggets (R$ 30) artesanais, meat balls (R$ 33) e bolinhos de costela (R$ 36).

Não saia de lá sem provar o Cow Me Pudding (R$ 18). O uso da fava de baunilha no pudim lisinho conquista. No dia da visita, um domingo quente na cidade, o salão estava bem abafado. Melhor ir em dias mais frescos.

O quarteto de sócios, formado por Nagae, sua mulher, Carol Esquilante Melo, e os irmãos dela, João Pedro e Ricardo Castilho Junior, estão sempre por lá.

E sabem receber bem —inclusive os clientes de quatro patas. Ali, eles recebem potinho de água e têm opção exclusiva no menu: pet burger (hambúrguer feito para eles; R$ 15). A crítica não provou. Mas os dogs presentes aprovaram.