Com pratos saborosos, Huevos de Oro erra na finalização do principal
Talvez o pedido tenha sido liberado assim mesmo porque a cozinha já estava para fechar
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Comer em São Paulo está tão caro que, quando um restaurante que você sabe que é bom comete um erro bem na sua vez, bate uma tristeza. Mesmo sendo uma falha pontual. Mesmo que o restante da experiência tenha sido bom.
Foi assim numa noite fria de sábado no Huevos de Oro. O lugar invoca uma agradável nostalgia a quem já foi aos bares de tapas na Espanha. Para quem não está familiarizado com o termo, tapas são pequenas porções. E se reunir com os amigos para degustá-las pressupõe animados encontros regados a vinho da casa.
O cardápio do Huevos condiz com a expectativa. Entre as entradas, sardinhas em escabeche (R$ 29) e tábua de frios espanhóis (R$ 52). Há ainda a possibilidade de pedir um mix com quatro opções (R$ 39), acompanhado de pão de fermentação natural.
Os mais ansiosos irão direto para a parte do cardápio reservado às tapas clássicas. A de champiñones salteados (R$ 36) vem com uma gema curada no meio. Além do prato, o garçom entrega um saquinho de papel para cada comensal —estávamos em duas pessoas. Dentro de cada saquinho, uma única e fina torrada.
As duas únicas bocadas que renderam a cada um foram perfeitas. A crocância da torrada contrastava com a maciez da gema. E o sabor neutro servia como base para o umami dos cogumelos. Mas a torradinha acaba rapidamente, e parte da graça da porção se vai com ela.
O trio de empanadas fritas de carne e um embutido chamado sobrasada (R$ 36) estava ótimo. A camada fina de massa conseguia estar sequinha e macia ao mesmo tempo, e se abria para um recheio úmido e saboroso.
O ritual de comer tapas só fica completo se acompanhado de uma boa bebida. Para este início de refeição, o drinque escolhido foi o negroni jerez (R$ 39). A presença do vinho fortificado e licoroso à receita original rende um resultado delicado e sedoso.
Já para acompanhar a paella que viria a seguir, a escolha foi por um vinho fresco, macio e de acidez pronunciada: O vinho laranja da casa (R$ 175). Produzido no Rio Grande do Sul com a uva pinot grigio, figura entre os mais em conta da carta.
A paella de frutos do mar (R$ 198), feita para compartilhar, chega na panela. O arroz exibia uma untuosidade que fazia salivar só de olhar. Camarão, lula, mexilhão e polvo estavam em seus pontos perfeitos de cocção. Mas o prato chegou com um problema de finalização: estava salgado no limite do que é possível comer.
Em restaurantes conceituados como este, nada sai da cozinha sem ser provado antes. Talvez o prato tenha sido liberado assim mesmo porque, segundo o garçom havia informado no momento do pedido, a cozinha já estava para fechar. E, segundo informado logo na chegada, o tempo de preparo da paella era de aproximadamente 50 minutos.
Para finalizar, churros (R$ 22). Na versão da casa, eles são leves e vêm com doce de leite –ou chocolate– à parte. Preparo delicado e bocadas reconfortantes que amenizaram um pouco a frustração de uma experiência comprometida por um descuido possível de ser evitado.