Musical 'Bonnie e Clyde' põe plateia no meio do espetáculo e amplifica som de tiros e fugas
Espetáculo reúne Eline Porto e Beto Sargentelli na pele de maltrapilhos que lutam contra o sistema
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Quem for ao espaço do 033 Rooftop, em São Paulo, para assistir à montagem do musical "Bonnie e Clyde" esperando o glamour estabelecido pelo clássico filme de 1967 vai se surpreender.
Na encenação assinada por João Fonseca, o casal de protagonistas —ladrões históricos nos Estados Unidos— é apresentado sem subterfúgios, como duas figuras pobres, sem instrução e vivendo de pequenos golpes antes dos crimes que os tornaram famosos.
Durante o período da Grande Depressão americana, com a economia quebrada e a pobreza atingindo níveis extremos, a dupla se apaixona e nota que precisa fazer o que for preciso para sobreviver, mesmo que ultrapassando barreiras legais.
A montagem busca dar ao público uma experiência sensorial com base no desenho de som, que deve potencializar o barulho de tiros e das fugas. Além disso, a cenografia põe a plateia no meio da encenação.
"Eles não são vítimas, mas são produtos daquela sociedade, daquele cenário. O musical não quer transformá-los em super-heróis, mas mostra que também não faz sentido dizer que eles são grandes vilões", afirma Fonseca, que repete a dobradinha com o casal de protagonistas, Beto Sargentelli e Eline Porto.
O trio havia trabalhado junto em 2018, quando assinaram a elogiada montagem de "Os Últimos Cinco Anos", outro clássico da Broadway. "É uma parceria que deu certo e não tinha por que não repetir. Os dois são muito talentosos e facilitam a minha vida porque, como casal, eles já têm uma química estabelecida, e isso é metade do caminho andado", diz.
Com músicas compostas pelos mesmos autores de "Jekyll & Hyde - O Médico e o Monstro", "Bonnie & Clyde" acompanha a dupla desde seu primeiro encontro, em uma lanchonete, na qual se apaixonam e decidem travar uma guerra contra o sistema dos Estados Unidos, que, na visão deles, foi estruturado para que nunca dessem certo.
"Clyde tem o sonho americano de viver confortavelmente, mas sempre é levado para trás. Esse um dos pontos em que o público vai mais se identificar com ele", afirma Sargentelli.
Para Porto, há muitas camadas que trazem o Brasil para próximo da história da dupla, que se tornaram figuras muito populares nos Estados Unidos e ao redor do mundo.
"O enterro de Bonnie contou com milhares de pessoas, foi um verdadeiro show. O Brasil que nós vivemos hoje, pós-pandemia e pós-governo Bolsonaro, pôs muitas pessoas na mesma posição que os dois."
A montagem busca dar ao público uma experiência sensorial com base no desenho de som, que deve potencializar o barulho de tiros e das fugas. Além disso, a cenografia põe a plateia no meio da encenação.