'Vigilante do Amanhã' é 'Blade Runner' do século 21


Scarlett Johansson no filme 'A Vigilante do Amanhã' *** ****
Scarlett Johansson é a ciborgue Major, protagonista do filme - Paramount Pictures/Divulgação

A continuação de "Blade Runner" chegará aos cinemas em outubro, 35 anos depois do original, mas nem precisava. Quem quiser retornar ao universo futurista de inspiração noir e cyberpunk pode matar a vontade com "A Vigilante do Amanhã", um impecável filme de ação com Scarlett Johansson.

O romance de Philip K. Dick (1928-1982) que inspirou "Blade Runner" também influenciou o japonês Masamune Shirow a criar o mangá Ghost in the Shell em 1989. No futuro imaginado por ambos os autores está o domínio das megacorporações, a cidade grande, imunda e socialmente desigual inundada por propagandas em projeções virtuais gigantescas e a convivência entre humanos, androides e híbridos dessas duas categorias.

Nesta adaptação do mangá para o cinema, uma introdução didática mostra que a heroína Major (Scarlett) tem de humano apenas o cérebro, inserido num corpo artificial. Já que é para criar um corpo novo, por que não a curvilínea embalagem de Scarlett? Suas formas são exibidas à exaustão numa roupa nude colante e justíssima, como uma pele sintética.

A cidade (Tóquio?) que ela percorre caçando terroristas é um delírio visual. O que foi imaginado no mangá há quase 30 anos fica turbinado pela tecnologia atual. Roupas e outros produtos são exibidos por modelos em projeções holográficas do tamanho dos arranha-céus.

As pessoas andam pelas ruas cercadas de grandes peixes coloridos que flutuam pelo ar, como se tudo estivesse imerso num aquário colossal.

A cada vez que dois personagens aparecem conversando, é impossível saber se ambos estão realmente ali. Um deles pode ser holograma, ou até os dois.

Se o espectador conseguir tirar um pouco a atenção do espetáculo tecnológico ou da espetacular Scarlett, aí poderá tentar entender o enredo. Major precisa capturar o líder terrorista Kuze, que está matando vários cientistas. No decorrer da perseguição, ela descobrirá que o vilão esconde informações sobre o passado dela, o que a fará questionar sua missão.

Sem firulas, com cenário deslumbrante, muita ação e uma atriz objeto de desejo, não há mais nada a pedir ao ótimo Ghost in the Shell (nerd que é nerd só se refere ao filme pelo título original, fantasma numa concha, famoso no mundo geek há três décadas).

Cada geração tem o "Blade Runner" que merece.

Avaliação: ótimo

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