'O Sonho de Greta': realismo mágico deixa a desejar

Bethany Whitmore interpreta Greta, uma menina solitária que não quer deixar a infância
Bethany Whitmore interpreta Greta, uma menina solitária que não quer deixar a infância - Divulgação
Greta é uma menina solitária. Prestes a fazer 15 anos, mudou de escola, não tem amigos. Perdida, faz pássaros de origami para controlar a ansiedade. Sente-se invadida e controlada pela mãe. Teme as alunas que fumam e se maquiam. Estranha Elliot, o garoto ruivo que quer sua confiança.

A angústia da garota está no centro de O Sonho de Greta, longa australiano sobre a passagem da infância para a adolescência, ambientado nos anos 1970.

A protagonista se vê entre a segurança do universo infantil, com seus origamis, brinquedos e caixas de música, e o desconhecido do futuro que se avizinha, representado por uma floresta ao lado de sua casa, povoada por criaturas fantásticas.

É essa floresta que ela terá de atravessar para chegar à maturidade, superando seus medos no assustador sonho que dá título ao filme.

O longa da diretora estreante Rosemary Myers remete ao cinema de Wes Anderson, pela caracterização de cena e personagens da década de 1970, como em "Os Excêntricos Tenenbaums" (2001), e de Tim Burton, pelo universo onírico ligado à infância, como em "Alice no País das Maravilhas" (2010) e "A Fantástica Fábrica de Chocolate" (2005).

Nos dois casos, a comparação é ruim para "O Sonho de Greta". A família da jovem parece caricata demais. A mãe clona o visual de uma personagem do seriado "As Panteras". A irmã é um retrato da cantora hippie Joan Baez. O pai lembra o Chevy Chase de "Férias Frustradas" (1983).

No realismo mágico, não há a riqueza visual nem as metáforas sofisticadas dos filmes de Burton. Sobram simplificações e analogias óbvias.

A favor do filme está o carisma da dupla protagonista. Bethany Whitmore dá a Greta o desamparo e a timidez que a personagem pede, e Harrison Feldman vive Elliot com a ingenuidade e a curiosidade de um pequeno nerd.

Avaliação: regular

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