Grupo 5 a Seco apresenta novo disco neste domingo; confira a entrevista

Neste domingo (7/9), o grupo paulistano 5 a Seco apresenta o repertório de seu novo disco, "Policromo" (Natura Musical), em dois shows no Auditório do Ibirapuera – Oscar Niemeyer (zona sul de São Paulo). Os ingressos para as duas sessões estão esgotados.

Antes do show na capital, o coletivo, formado pelos músicos e compositores Leo Bianchini, Pedro Altério, Pedro Viáfora, Tó Brandileone e Vinicius Calderoni, apresentou o novo álbum em Brasília e no Rio de Janeiro por meio do programa Natura Musical.

"Policromo" é o primeiro trabalho da banda gravado em estúdio. A gravação durou cerca de 20 dias e foi realizada em Gargolândia, uma fazenda-estúdio em Alambari, no interior de São Paulo.

Nas 14 faixas, como "Geografia Sentimental", "Épocas" e "Vem e Vai", os cinco integrantes articulam suas linguagens e estilos musicais particulares. A ideia do grupo, surgido em 2009, sempre foi a de alternar trabalhos individuais e coletivos.

"Por mais que soe como o som de grupo —e nós somos um grupo que toca junto há cinco anos— o 'Policromo' mantém as influências de cada um muito preservadas, o que torna difícil classificá-lo como um disco de MPB, pop ou rock", diz Tó Brandileone, que assina a produção musical do álbum ao lado do produtor Alê Siqueira.

No dia 14/9, os cinco se apresentam em Belo Horizonte no Festival Natura Musical. Em 27/9, voltam a tocar em São Paulo em um show gratuito no Largo da Batata, na região central da capital.

O "Guia" conversou com Pedro Viáfora, Tó Brandileone e Vinicius Calderoni sobre a criação de "Policromo". Confira a entrevista:

Crédito: Laura Del Rey/Divulgação O grupo 5 a Seco se apresenta neste domingo no Auditório do Ibirapuera - Oscar Niemeyer
O grupo 5 a Seco se apresenta neste domingo no Auditório do Ibirapuera - Oscar Niemeyer

"Guia" - De que maneira surgiu a ideia do nome do disco, "Policromo"?
Vinicius Calderoni - O nome veio depois que já tínhamos começado a trabalhar. O Tó se lembrou de uma das opções de título que eu tinha pensado para o meu segundo disco solo ["Para Abrir os Paladares"]. Gostamos da sonoridade do termo e achamos que o seu significado tem a ver com a ideia de que cada um traz uma tonalidade, uma cor para o conjunto. Neste disco fica muito claro qual é a marca composicional de cada um e como ela reverbera dentro do coletivo.

Apesar de manterem suas individualidades, vocês compõem em parcerias. Como é este processo?
Pedro Viáfora - Mesmo dentro das parcerias, o processo de criação é individual. Há exceções de músicas em que um toca e o outro arredonda a melodia, como a "Festa de Rua", por exemplo.

Vinícius Calderoni - Como nós nos admiramos, também rola muito de a gente se ouvir, numa espécie de tribuna.

Tó Brandileone - Mostrar uma música nova para os moleques é muito mais tenso do que gravar um disco (risos). Você está passando pelo crivo das pessoas com quem você divide sua vida artística. Mas acho que neste disco em especial teve uma particularidade no processo de composição porque quando fomos contemplados pelo edital da Natura, nós não tínhamos quase nada do repertório.

Pedro Viáfora - Foi a primeira vez que nos deparamos com a necessidade de compor para um disco.

E foi difícil compor com um prazo de gravação?
Pedro Viáfora - Acho que para todo mundo o processo de criação vem de uma inspiração, de uma frase, de um acorde. Nesse processo, a gente teve que ficar com as antenas completamente abertas para qualquer coisa (risos).

Vinicius Calderoni - Ao mesmo tempo foi uma pressão boa, porque a gente nunca viveu um laboratório de composição. E em pouco tempo levantamos uma quantidade de material que não tínhamos nem em nossos trabalhos individuais, porque os nossos discos solos são frutos de temporadas longas em que ficávamos compondo.

Tó Brandileone - É legal porque nós fomos nos influenciando muito. Uma música que alguém trazia e achávamos linda era um combustível muito potente para a criação. Quando o Pedro Viáfora mostrou "Épocas" no camarim de um show no Cine Joia, em outubro de 2013, na hora eu falei "ele já colocou o nível num lugar em que não podemos dar vacilo" (risos).

Vinicius Calderoni - Fomos nos complementando em várias coisas, principalmente em buscar um equilíbrio no disco para que ele tivesse uma variedade de coisas que gostamos e que achamos que são sonoridades possíveis para o grupo. "Policromo" está bastante variado porque as canções já surgem naturalmente assim, mas também porque tivemos esse cuidado.

Tó Brandileone - A individualidade de cada um no sentido de arranjo, de roupagem musical, foi bastante respeitada. Temos uma brincadeira que é: o compositor tem poder de veto. Se alguém fizer alguma coisa no arranjo e ele se sentir ofendido, a gente tira.

O primeiro trabalho de vocês foi um show que se tornou o disco e o DVD "Ao Vivo no Auditório do Ibirapuera" (2011). Como está sendo fazer o caminho inverso?
Vinicius Calderoni - Como o 5 a seco saiu de um projeto que era ser um show, foi muito natural que o primeiro produto decorrente da nossa formação fosse um CD e um DVD ao vivo. O fato de "Policromo" ser um disco de estúdio já representou, logo de saída, uma necessidade no desenvolvimento tanto da sonoridade dos arranjos quanto da própria execução instrumental. Sabíamos que era um desafio necessário.
Tó Brandileone - Ao vivo a coisa é muito mais quente, orgânica e visceral. Já o estúdio tem uma frieza. Ele é uma enorme lupa, porque se você der um vacilo todo mundo escuta. Hoje eu ouço o primeiro disco com um apreço gigante, com muito carinho. Foi um passo inacreditável sair de salas de shows minúsculas e fazer três dias de gravação no Auditório do Ibirapuera com as participações que rolaram [como Lenine e Maria Gadú]. Mas em termos de resultado sonoro, "Policromo" é uma evolução de todos como instrumentistas e compositores.

A recepção do público foi boa nos shows que fizeram?
Vinicius Calderoni - Antes as pessoas chegavam ao show cantando as músicas, porque já as conheciam por causa de uma repercussão espontânea via Youtube e afins. Agora é uma chance interessante delas primeiro conhecerem o som ao vivo.
Tó Brandileone - Mesmo assim é meio assustador ver que a galera já está cantando algumas das músicas novas. Mas além da aceitação do público, tem também o nosso tesão de tocar um repertório novo. Você volta a ficar tenso durante o show. Porque depois que você já fez cem apresentações de um repertório, se fecharem seu olho, te virarem de cabeça para baixo e te amarrarem um braço, você toca (risos).

Qual a expectativa para o show deste domingo em São Paulo?
Vinicius Calderoni - O primeiro grande show que fizemos, em 2010, foi no Auditório do Ibirapuera. A gravação do primeiro CD e DVD também foi lá, assim como o show, no ano passado, de aniversário de quatro anos do grupo.
Pedro Viáfora - É jogar em casa (risos).
Vinicius Calderoni - Já conhecemos a dimensão do gramado. Mas é muito prazeroso para gente tocar na nossa cidade, pois somos todos de São Paulo e construímos nossas vidas musicais aqui.

SERVIÇO

SÃO PAULO
Quando: 7 de setembro, domingo, às 19h e às 21h
Onde: Auditório do Ibirapuera – Oscar Niemeyer – Av. Pedro Alvares Cabral, s/n - Portão 2 do Parque do Ibirapuera. 800 lugares
Duração: aproximadamente 90 min.
Classificação: livre
Ingressos esgotados

BELO HORIZONTE
Quando: 4º Festival Natura Musical – 14 de setembro, domingo, às 15h
Onde: Praça da Estação - Av. dos Andradas, 201, região central
Quanto: gratuito. A partir de 9/9, os ingressos podem ser obtidos no posto de distribuição do Festival Natura Musical na Praça da Estação, das 9h às 18h, ou pelo site www.naturamusical.com.br/festival (taxa de R$ 5)

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas

Ver mais