Público é habituado a comédias imbecis, diz Eduardo Sterblitch

Eduardo Sterblitch acha que o diferencial de sua peça é o insucesso. Em seu monólogo "Minhas Sinceras Desculpas", que terá sessão única no sábado (19), no HSBC Brasil (zona sul de São Paulo), o intérprete de César Polvilho e Freddie Mercury Prateado (do "Pânico na TV") provoca mais uma vez o público ao interpretar um ator frustrado que tem dificuldade em ser original.

"As pessoas estão habituadas a assistir a comédias dramaturgicamente fracas e imbecis", diz o humorista, respondendo sobre o porquê de algumas pessoas se sentirem ofendidas durante a apresentação (é que Sterblitch chega a chamar a plateia de "burra" por estar ali). "Acho que quem se sente ofendido em uma peça de teatro é fútil", conclui.

O espetáculo, elogiado por Jô Soares e que fez sucesso durante temporada em 2010, conta com uma banda ao vivo e também exibe trechos de vídeos feitos por estudantes de cinema. Os ingressos custam de R$ 40 a R$ 120.

Crédito: Gabriel Chiarastelli/Divulgação Eduardo Sterblitch (à frente) faz sessão única de "Minhas Sinceras Desculpas" no sábado (19), no HSBC Brasil

Leia, abaixo, as respostas do humorista para três perguntas do Guia:

Guia Folha - "Minhas Sinceras Desculpas" é um sucesso. Unir banda e vídeos de estudantes de cinema à peça é o grande diferencial?
Eduardo Sterblitch - Acho importante essa forma. No entanto, eu acho que já tem muita gente fazendo sucesso. Cabe a mim o mau êxito. O insucesso! Esse é o diferencial da minha peça.

Muitas pessoas comentam que se sentem ofendidas durante a apresentação. Você acha que parte do público não entende o propósito ou era essa a intenção?
Talvez não entendam. Não sei. Mas acho que quem se sente ofendido em uma peça de teatro é fútil. Porque somos fúteis. Somos tanto que nos importamos mesmo com a opinião daqueles que não nos importam. Não se pode acreditar em uma peça de teatro. Não se pode se importar com a opinião de um personagem. Eu sou um humorista. Entretanto humor é um estado de espírito. Uma natureza humana. Logo existe o bom humor e o mau humor. O papel do humorista é o de maestro. Fazendo o público transitar entre ambos. Eu sempre repito isso. É que as pessoas estão habituadas. Habituadas a aplaudir, a assistir a comédias dramaturgicamente fracas e imbecis. Eu não faço teatro para ganhar dinheiro. Eu faço por ideal. Teatro é ideal. Eu faço teatro para as pessoas que querem ver a minha peça. O maior inimigo do progresso é o hábito e a opinião. Não podemos achar que as outras pessoas só têm bom senso quando são da nossa opinião. Eu quero fazer progresso em teatro. Para o teatro. Porque eu o amo. Mas estou sozinho. Não existe mais movimento no cenário teatral. Nenhum. Só regurgitamos o que já vomitaram 50 anos atrás. Eu não gosto disso. Estou trabalhando. Me desconfortando. Quem estiver comigo, chegue junto. Ou vá me assistir!

No palco é onde você se sente mais à vontade? Já está com outro projeto teatral em andamento?
Eu nunca me sinto à vontade suficientemente. E eu gosto assim. Eu tenho um projeto, sim. Quero colocar em cartaz ainda neste ano "O Rinoceronte", do Ionesco.

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