Confira uma seleção de 30 filmes imperdíveis na Mostra de Cinema
Saiba o que assistir entre as 198 produções selecionadas para a 44ª edição do festival, que neste ano acontece online
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A 44ª Mostra de Cinema começa nesta quinta-feira (22) com 198 produções na programação. Neste ano, tudo vai ocorrer online, da compra dos bilhetes até as sessões de cinema.
Por causa da quarentena, os títulos serão disponibilizados virtualmente pela plataforma de streaming Mostra Play, com ingressos a R$ 6 por exibição —o período de vendas também tem início a partir desta quinta-feira, à 0h01.
Para quem está perdido e não sabe muito bem o que escolher entre tantas opções, o Guia selecionou 30 títulos imperdíveis. É o caso de "Dias", de Tsai Ming-Liang, e de "Casa de Antiguidades", protagonizado por Antonio Pitanga. Entre os longas produzidos por mulheres, o destaque é "Shirley", que tem Elisabeth Moss. Boa sessão!
Os mais esperados (além de Ai Weiwei)
DAU. Natasha
Alemanha/Ucrânia/ Reino Unido/ Rússia, 2020. Direção: Ilya Khrzhanovskiy e Jekaterina Oertel. Com: Natalia Berezhnaya, Olga Shkabarnya e Vladimir Azhippo.
A vida de uma garçonete na União Soviética de 1952 é retratada neste filme, que integra o projeto DAU —iniciativa que construiu um estúdio na Ucrânia, entre 2009 e 2011, onde era reproduzida a atmosfera da opressiva sociedade soviética stalinista. O longa-metragem foi exibido no Festival de Berlim e chamou a atenção por ter feito pessoas comuns atuarem em cenas reais de sexo e de violência.
Dias
Taiwan, 2019. Direção: Tsai Ming-Liang. Com: Lee Kang-Sheng e Anong Houngheuangsy.
O longa acompanha o relacionamento de um jovem com um homem mais velho. O rapaz mora em um pequeno apartamento em Bancoc, capital da Tailândia. Já seu parceiro, mais rico, vive sozinho em uma casa grande. Os dois passam uma noite juntos em um hotel e se aproximam.
Gênero, Pan
Filipinas, 2020. Direção: Lav Diaz. Com: Nanding Josef, Bart Guingona e Don Melvin Boongaling.
Construído como se fosse uma espécie de estudo sobre a proximidade dos humanos com os animais, o drama acompanha três trabalhadores que retornam a sua aldeia depois de deixarem o emprego em uma mina de ouro. Com o passar do tempo, algo de estranho toma conta deles. O longa-metragem venceu o prêmio Horizons, dado pelo Festival de Veneza.
Malmkrog
Romênia/Sérvia/Suíça/Suécia/Bósnia-Herzegovina/Macedônia do Norte, 2020. Direção: Cristi Puiu. Com: Frédéric Schulz-Richard, Agathe Bosch e Diana Sakalauskaité.
Coprodução de seis países baseada no livro "Three Conversations", do filósofo russo Vladimir Solovyov, o filme mostra o encontro entre um dono de terras, um político, uma condessa, um general e a mulher dele. Durante seus banquetes, o grupo começa a discutir sobre temas diversos, que passam pela morte, pelo progresso e pela moralidade —até que a discussão fica cada vez mais acalorada.
Não Há Mal Algum
Irã/Alemanha/República Tcheca, 2020. Direção: Mohammad Rasoulof. Com: Ehsan Mirhosseini, Shaghayegh Shourian e Kaveh Ahangar.
A pena de morte no Irã é o tema central ao acompanhar quatro homens que são postos diante de uma questão simples —mas, ao mesmo tempo, impensável. O longa-metragem é um dos filmes incensados do ano e venceu o Urso de Ouro e mais outro prêmio no Festival de Berlim.
Nova Ordem
México, 2020. Direção: Michel Franco. Com: Naian González Norvind, Diego Boneta e Mónica del Carme.
Sob os olhos da doce e jovem noiva Marianne e seus empregados, o longa retrata um casamento luxuoso que dá errado em meio a protestos que tomam conta da Cidade do México e abrem caminho para um violento golpe de Estado. O drama, que abre a 44ª Mostra, venceu o Leão de Prata no Festival de Veneza.
Sibéria
Itália/Alemanha/México, 2020. Direção: Abel Ferrara. Com: Willem Dafoe, Dounia Sichov e Simon McBurney.
Um homem amargurado decide se isolar em uma casa nas montanhas, onde interage poucas vezes com pessoas que visitam a sua cafeteria. Numa noite, ele decide embarcar em uma viagem interna cheia de sonhos e delírios.
Seleção Brasileira
Casa de Antiguidades
Brasil/França, 2020. Direção: João Paulo Miranda Maria. Com: Antonio Pitanga, Ana Flavia Cavalcanti e Sam Louwyck.
A história acompanha Cristovam, operário de uma fábrica que é transferido para uma cidade no Sul do país, onde sofre com colegas que caçoam dele em alemão. O homem se instala em uma casa abandonada, cheia de recordações sobre suas origens e o passado.
Cidade Pássaro
Brasil, 2020. Direção: Matias Mariani. Com: OC Ukeje, Indira Nascimento e Paulo André.
Aos 30 anos, Amaudi é um músico que vive na Nigéria e viaja ao Brasil para encontrar o irmão Ikenna, que trabalha como matemático em São Paulo. Ao chegar da África, acaba descobrindo que o irmão não é quem dizia ser.
Dente por Dente
Brasil, 2020. Direção: Julio Taubkin e Pedro Arantes. Com: Juliano Cazarré, Paolla Oliveira e Renata Sorrah.
Tudo vai bem na vida de Ademar —pelo menos até o sumiço do seu sócio Teixeira. À medida que a investigação avança, ele descobre fatos obscuros da vida do colega.
Todos os Mortos
Brasil/ França, 2020. Direção: Caetano Gotardo e Marco Dutra. Com: Mawusi Tulani, Clarissa Kiste e Carolina Bianchi.
Em 1899, três mulheres de uma família de fazendeiros regressam para a capital paulista após a morte da última criada. Enquanto isso, uma família de ex-escravos se depara com uma sociedade sem espaço para negros libertos.
Verlust
Brasil, 2019. Direção: Esmir Filho. Com: Andrea Beltrão, Marina Lima e Alfredo Castro.
O thriller conta a história de membros de uma elite cultural decadente do Brasil que decidem se mudar para a praia. A localização escolhida parece um paraíso impenetrável até que, durante a festa de Ano-Novo, uma criatura estranha surge do fundo do mar.
Seis filmes de diretoras
Charlatão
República Tcheca/Irlanda/Polônia/Eslováquia, 2020. Direção: Agnieszka Holland. Com: Ivan Trojan, Josef Trojan e Juraj Loj.
O longa é baseado na história de Jan Mikolased, que dedicou sua vida a cuidar de doentes e ganhou fama usando métodos pouco ortodoxos na Tchecoslováquia. Sua fortuna aumenta ainda mais durante a ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial.
Entre o Céu e a Terra
Palestina, 2019. Direção: Najwa Najjar. Com: Mouna Hawa, Firas Nassar e Faris Husari.
Salma é uma mulher palestina que se casa com Tamer, filho de um intelectual revolucionário que foi morto em Beirute. Após cinco anos, o casal decide pelo divórcio —processo que gera descobertas sobre o pai de Tamer.
Mães de Verdade
Japão, 2020. Direção: Naomi Kawase. Com: Arata Iura, Miyoko Asada e Hiroko Nakajima.
Satoko tenta engravidar, mas nunca consegue. Por isso, ela e o marido decidem adotar um garoto. Anos depois, a família recebe a visita de uma garota que finge ser a mãe biológica do filho deles.
Miss Marx
Bélgica/Itália, 2020. Direção: Susanna Nicchiarelli. Com: Romola Garai, Patrick Kennedy e John Gordon Sinclair.
Mais nova das filhas de Karl Marx, Eleanor é uma das pioneiras a associar o feminismo ao socialismo. O rumo da vida dela muda quando conhece Edward Aveling e vive uma trágica história de amor.
Shirley
Estados Unidos, 2020. Direção: Josephine Decker. Com: Elisabeth Moss, Michael Stuhlbarg e Odessa Young.
Neste drama, a escritora de terror Shirley Jackson e o marido (e crítico literário) Stanley Hyman hospedam em sua casa o universitário Fred Nemser e sua mulher, Rosa, que está grávida. Jackson encontra no jovem casal a inspiração que precisava para mais um livro, mas sua escrita ameaça o relacionamento deles.
As Veias do Mundo
Alemanha/Mongólia, 2020. Direção: Byambasuren Davaa. Com: Bat-Ireedui Batmunkh, Purevdorj Uranchimeg e Algirchamin Baatarsuren.
Amra, um menino de 11 anos, tem uma rotina determinada —ele vai à escola acompanhado do pai, cuida das ovelhas e cabras à tarde e sonha em participar de um show de talentos. A infância do garoto é interrompida quando o pai morre e ele precisa assumir a sua luta contra as mineradoras que exploram a sua região e fazem pressão sobre a família.
Para viajar em casa
Anima
Irã, 2020. Direção: Reza Golchin. Com: Arash Lasani.
Um fotógrafo viaja pelas montanhas em busca de um amor da juventude. A narrativa esbanja questões pessoais e filosóficas e põe o espectador entre dilemas de crise existencial e cenas do interior do Irã como pano de fundo.
Isso Não É um Enterro, É uma Ressurreição
Lesoto/África do Sul/Itália, 2020. Direção: Daphne Charizani. Com: Almila Bagriacik, Zübeyde Bulut e Maryam Boubani.
O longa-metragem usa como pano de fundo as montanhas de Lesoto, o pequeno país que é cercado pela África do Sul e que pela primeira vez tem uma produção selecionada pela Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Na história de "Isso Não É um Enterro, É uma Ressurreição", uma viúva aguarda o retorno do filho que trabalha nas minas do país vizinho, quando recebe a notícia de que ele morreu em solo sul-africano.
Fábulas Ruins
Itália/Suíça, 2020. Direção: Fabio D’Innocenzo e Damiano D’Innocenzo. Com: Elio Germano, Barbara Chichiarelli e Lino Musella.
No subúrbio de Roma, o calor camufla os problemas. As famílias parecem normais, mas no fundo há o sadismo dos pais, a passividade das mães e a indiferença dos adultos. As crianças, no entanto, revelam verdades que geram duras consequências para a comunidade. O filme venceu o Urso de Prata de melhor roteiro no Festival de Berlim.
Nariz Sangrando, Bolsos Vazios
EUA, 2020. Direção: Bill Ross 4º e Turner Ross.
O documentário acompanha a última noite de funcionamento do bar The Roaring 20s, em Las Vegas. Em meio às luzes da cidade, clientes passam para pegar algo para beber e cumprimentar o dono do lugar —mas o clima fica selvagem e melancólico.
Summertime
EUA, 2020. Direção: Carlos López Estrada. Com: Tyris Winter, Marquesha Babers, Maia Mayor e outros.
Num dia quente de Los Angeles, a vida de 25 jovens se cruzam e falam sobre a relação deles com a cidade, vida, amor, família e medos. As histórias retratadas são inspiradas na vida de artistas e contadas por meio de uma narrativa solta e conectada.
Winona
Grécia, 2019. Direção: Alexandros Voulgaris. Com: Anthi Efstratiadou, Sofia Kokkali e Iro Bezou.
Nesse filme curto e potente, quatro mulheres aproveitam o calor e o mar da Grécia. Enquanto ouvem música e dançam, o dia se passa em meio a brincadeiras e conversas. A narrativa acompanha a linguagem e a montagem costuradas pela oposição entre o amor e a tristeza, que fazem com que a história guarde um doloroso segredo.
Black Lives Matter
A Arte de Derrubar
Noruega/África do Sul, 2019. Direção: Aslaug Aarsæther e Gunnbjörg Gunnarsdóttir.
Este documentário acompanha a vida de Wandile, que estuda em uma universidade dominada por brancos na África do Sul. A jovem acaba se unindo a um grande protesto estudantil que exige a descolonização da universidade e a maior presença de negros nos cursos, mas os manifestantes passam a ser alvo de ataques feitos pela direção, pela polícia e pelo Exército. Em meio a tudo isso, brigas internas também ameaçam o grupo no país do apartheid.
Chico Rei entre Nós
Brasil, 2020. Direção: Joyce Prado.
Rei do Congo, Chico Rei foi escravizado durante o ciclo do ouro em Minas Gerais, no Brasil colonial, mas lutou pela sua liberdade e pela do seu povo. A partir dessa história, o documentário discute as lideranças negras que surgiram depois e o eco da escravidão na vida dos negros de hoje.
Poppie Nongena
África do Sul, 2020. Direção: Christiaan Olwagen. Com: Clementine Mosimane, Chris Gxalaba e Rolanda Marais.
Baseado em uma história real, o longa fala sobre a vida de Poppie Nongena, que vive na África do Sul durante o apartheid —morando no emprego, ela só consegue ver os filhos aos finais de semana. Quando o marido adoece, ela é considerada ilegal no seu país.
Filmes sobre outros filmes
Glauber, Claro
Brasil, 2020. Direção: César Meneghetti.
Os dilemas do cineasta Glauber Rocha quando exilado na Itália, entre 1970 e 1976, são relembrados neste documentário construído com as memórias de amigos, colabores e familiares. Além disso, a obra revisita o penúltimo longa do cineasta, "Claro", de 1975, que foi gravado em Roma.
Kubrick por Kubrick
França, 2020. Direção: Gregory Monro.
O legado de Stanley Kubrick ganha vida neste documentário, que reúne uma série de entrevistas feitas com o cineasta durante cerca de 30 anos. A produção se torna ainda mais rica ao contar com arquivos cedidos pela família de Kubrick, o que traça um retrato íntimo do diretor.
Sportin’ Life
França, 2020. Direção: Abel Ferrara.
Documentário aguardado na Mostra, é uma espécie de diário do cineasta Abel Ferrara. Tudo começa em fevereiro deste ano, na apresentação do filme "Sibéria", pouco antes de o mundo entrar em quarentena. A partir daí, acompanha o diretor até agosto e retrata o olhar de Ferrara em relação à vida e ao mundo.