Guia da Folha

Sair

LGBTQIA+

Bienal de São Paulo promove atividades da cena ballroom neste fim de semana

Pavilhão do Ibirapuera recebe oficina de vogue no sábado (16) e Ball do Tempo no domingo (17)

Já é assinante? Faça seu login

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Dani Avelar

São Paulo

A Bienal de São Paulo promove neste fim de semana atividades da cena ballroom, movimento artístico protagonizado por pessoas pretas LGBTQIA+.

Surgida em Nova York nos anos 1970 como ambiente de lazer e resistência contra a violência e a marginalização, a ballroom fincou raízes no Brasil ao longo da última década e se espalhou rapidamente para todas as regiões do país.

No sábado (16), às 14h, acontece no piso azul do pavilhão da Bienal no parque Ibirapuera uma oficina sobre o sistema de ensino da ballroom, ministrada pelo artista Félix Pimenta, pioneiro da cena no Brasil. Em seguida, às 16h, ocorre uma oficina sobre os elementos do vogue, estilo de dança performática nascido nos bailes do Harlem, em Nova York —a atividade será ministrada pela coreógrafa Zaila Candace.

Já no domingo (17), às 13h, acontece no piso térreo uma ball (baile), espetáculo eletrizante que mistura elementos de desfiles de moda, shows de drag e batalhas de vogue. A Ball do Tempo é inspirada pelo pensamento da poeta, dramaturga e professora Leda Maria Martins, que concebe o corpo como testemunho da história.

Da esq. para a direita, Kona Hands Up, Fênix Mandacaru, Ákira Avalanx e Félix Pimenta, pioneiros da cena ballroom do Brasil. /Karime Xavier/Folhapress

Marvena de Ubuntu Zion, 28, diz que a ballroom lhe dá forças para enfrentar o racismo e a transfobia no dia a dia. /Karime Xavier/Folhapress

Em junho, Marvena se apresentou no Theatro Municipal de São Paulo com outros artistas da House of Zion. /Karime Xavier/Folhapress

Jessy Velvet Zion, 29, passou pelo ballet e pelo jazz, mas foi no ambiente da ballroom que se entendeu enquanto uma pessoa trans não binária. /Karime Xavier/Folhapress

Jessy, que diz acreditar que o futuro da ballroom está nas periferias, vem construindo a cena em Itapevi, na Grande São Paulo. /Karime Xavier/Folhapress

Peu Morais, integrante da Casa de Mutatis, é produtor, cantor, poeta e ator. /Karime Xavier/Folhapress

Peu diz que a ballroom o ajudou a lidar com o diagnóstico de HIV e a enfrentar o estigma que ainda cerca pessoas soropositivas. /Karime Xavier/Folhapress

O músico Pieel faz parte da nova geração de artistas da cena ballroom e considera que esse movimento é um refúgio para pessoas marginalizadas. /Karime Xavier/Folhapress

Os participantes caminharão, ou se apresentarão, em categorias temáticas que resgatam símbolos afrodiaspóricos. Por exemplo, a categoria "baby vogue", voltada para iniciantes, homenageia Iroko, o orixá do tempo. Já "femme queen vogue performance", exclusiva para travestis e mulheres trans, faz referência às pombagiras, entidades cultuadas na umbanda e no candomblé.

"Esta é uma ocupação da performatividade queer na Bienal de São Paulo, um palco global da arte", diz o artista Flip Couto, integrante do coletivo Amem, que organiza a Ball do Tempo. "Estamos escrevendo uma nova história da arte contemporânea."

Vídeo obra 'Uma voz para Eraudo. Epílogo para um tempo trans', de Cabello e Carceller. Divulgação/

Obra 'Projeto Timur Merah III - Ode ao Sol', de Citra Sasmita. Divulgação/Ahmad Iskandar Photography

Sem título e sem data, de Aurora Cursino dos Santos. Fundação Bienal de São Paulo/Everton Ballardin

'Artistas-pacientes', de Ubirajara Ferreira Braga, 1987. Fundação Bienal de São Paulo/Everton Ballardin

'O templo de Oxalá', de Rubem Valentim, 1977. Divulgação/Museu de Arte Moderna da Bahia

Sem título, de Judith Scott, 1993. Creative Growth Art Center/Benjamin Blackwell

O artista Emanoel Araujo em seu ateliê, sem data. Galeria Simões de Assis/

'Autorretrato', de Ubirajara Ferreira Braga, 1987. Fundação Bienal de São Paulo/Everton Ballardin

'O estrangeiro', de Sidney Amaral, 2011. Divulgação/João Liberato

'Mis hijos', de Elizabeth Catlett, 1955. The Elizabeth Catlett Mora Family Living Trust/

Aquarelas do 'Álbum de paisagens, tipos humanos e costumes da Bolívia', por Melchor María Mercado, 1841-1869. Archivo y Biblioteca Nacionales de Bolivia/

'Bodies of the Desert', curta de Trinh T. Minh-ha, 2005. Reprodução/

'Reassemblage', curta de Trinh T. Minh-ha, 1982. Reprodução/

'Reassemblage', curta de Trinh T. Minh-ha, 1982. Reprodução/Jean-Paul Bourdier

A ballroom tem posição de destaque na cultura pop. Beyoncé faz referências à cultura de baile em "Renaissance", seu álbum mais recente; em 1990, Madonna lançou o hit "Vogue". A cena também inspirou obras audiovisuais como a série ficcional "Pose" e o documentário "Paris is Burning".

Esta é a primeira programação da comunidade ballroom na história da Bienal de São Paulo, que chega neste ano à sua 35ª edição com o tema "Coreografias do Impossível" e conta com o maior número de artistas não brancos.

Leia mais