Conheça a São Paulo de Adoniran Barbosa, artista retratado no filme 'Saudosa Maloca'
O filme, que estreia nesta quinta-feira, 21, nos cinemas, explora histórias por trás canções do sambista
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A voz de Caetano Veloso tornou o cruzamento das avenidas Ipiranga com a São João, no centro, um dos pontos mais famosos de São Paulo. Mas quem está eternizado ali em forma de estátua não é o baiano, mas um paulista que homenageou a capital em cada vírgula de suas canções: Adoniran Barbosa (1910-1982).
O cantor e compositor teve sua obra transposta para as telonas no filme "Saudosa Maloca", que estreia nos cinemas nesta quinta (21). De acordo com o diretor do longa, Pedro Serrano, era necessário fazer o resgate cultural de um artista conhecido no passado, mas que precisava ser apresentado às novas gerações.
Apesar de sua importância central para o samba paulista, não há na cidade um memorial em sua homenagem — e os poucos objetos e documentos expostos à visitação estão espalhados por diferentes pontos.
A Galeria do Rock tem um acervo de mais de mil pertences de Adoniran, mas a maioria do material está guardada. Alguns objetos desse conjunto, como documentos e fotografias, podem ser vistos no Boteco 28, bar no Farol Santander, no centro.
Diferentemente das cinebiografias tradicionais, o filme não mostra a história
de vida do sambista, interpretado por Paulo Miklos, mas dramatiza as histórias contadas em suas canções. "É uma homenagem mais bonita engrandecer a obra e dar vida a tudo que ele criou do que, necessariamente, ficar falando de temas pessoais", afirma Serrano.
Mesmo tendo escrito sobre a São Paulo dos anos 1950, sua obra segue atual em temas como a especulação imobiliária e o desenvolvimento urbano —a canção-título do filme, aliás, narra a operação de despejo de um palacete ocupado para moradia.
Adoniran viveu por anos no bairro da República, mas transitava por toda a capital, se inspirando na rotina
dos trabalhadores para criar músicas em diversas regiões, como Brás, Casa Verde, Ermelino Matarazzo e Bixiga. Conheça a seguir locais que refletem seu legado, em um roteiro fácil para fazer a pé e de transporte público.
Museu Memória do Jaçanã
Apesar de ter uma relação com o Jaçanã, o sambista nunca morou no bairro da zona norte e já disse que incluiu o local em "Trem das Onze" apenas para rimar com "amanhã de manhã". Embora fechado desde a pandemia, à espera de patrocínio para reabrir as portas, este museu preserva a história da região e tem em seu acervo peças como um chapéu do sambista e a letra original autografada de "Samba do Arnesto".
Rua Benjamin Pereira, 1021, Jaçanã
Fechado por tempo indeterminado
Praça da Sé
Marco zero de São Paulo, a praça abriga a Catedral Metropolitana da Sé, maior igreja da cidade. Nos anos 1970, passou por uma reforma de seis anos por causa da estação de metrô, inaugurada em fevereiro de 1978. No mesmo ano, Adoniran lançou a canção "Praça da Sé", na qual canta sobre transformações incontroláveis do local.
Praça da Sé, s/n, Sé
Viaduto Santa Ifigênia
Cartão-postal da cidade, foi inaugurado em 1913 ao lado do Mosteiro de São Bento. Seus 225 metros de comprimento oferecem uma vista panorâmica da cidade para os milhares de pessoas que transitam por lá diariamente. A construção passou por reformas nos anos 1970 e serviu de inspiração para Adoniran, que criou os versos "Venha ver, Eugênia, como ficou bonito o Viaduto Santa Ifigênia", na canção
que leva o nome do local. Atualmente, o viaduto está passando por novas reformas, mas, para não inviabilizar a passagem dos pedestres, ela está ocorrendo em etapas.
Viaduto Santa Ifigênia, s/n, Centro
Edifício Santa Ignez
Localizado na rua Aurora, na República, o prédio foi lar de Adoniran Barbosa e sua mulher de 1949 a 1966. No apartamento de número 22, o sambista escreveu seu primeiro sucesso, "Saudosa Maloca", lançado em 1951. O prédio continua residencial até hoje —e o apartamento está ocupado por outros moradores. Traz uma placa na entrada lembrando o músico.
A rua Aurora é parte essencial da vida e história da cidade. Foi lá, também, que nasceu o escritor Mário de Andrade. O logradouro também fez parte da região conhecida como "Boca do Lixo", reduto do cinema independente brasileiro entre os anos 1960 e 1980.
Rua Aurora, 579, República
Estátua de Adoniran Barbosa no Bar Brahma
O sambista ganhou uma estátua em frente ao estabelecimento —usando chapéu e brincando com seu cachorro. O artista costumava frequentar o bar boêmio, instalado na esquina das avenidas Ipiranga e São
João, ao lado de outros artistas da época.
Com mais de 75 anos de história, o Bar Brahma foi eleito um dos melhores bares da cidade pelo Datafolha. A casa possui três palcos e promove cerca de 150 shows por mês, recebendo nomes como Sandra de Sá, Demônios da Garoa e Dudu Nobre.
Av. São João, 677, Centro
MUMBI – Museu Memória do Bixiga
Apesar de nunca ter morado no Bixiga, o sambista costumava frequentar o bairro e, em 1976, lançou a música "Um Samba no Bixiga", que narra a história de uma briga ocorrida na rua Major Diogo. Adoniran deixou sua marca no bairro e foi eternizado no acervo do museu comunitário, composto por itens doados por moradores da região. A seção de história da música do local conta com fotos do artista, além de um chapéu e uma gravata-borboleta do músico. No momento, está fechado para a reorganização do acervo. Não há data de reabertura.
Rua dos Ingleses, 118 - Morro dos Ingleses
Busto de Adoniran Barbosa na Praça Dom Orione
O impacto do samba de Adoniran Barbosa no Bixiga foi tão grande que, além do acervo no Mumbi, o sambista também foi eternizado na praça Dom Orione, contornada pelas ruas Fortaleza, Rui Barbosa e 13 de Maio. No local, turistas podem encontrar o busto do sambista. Além disso, desde os anos 1980, recebe todos os domingos uma feira de antiguidades, das 9h às 17h. Lá é possível encontrar roupas, móveis, discos de vinil, pratarias e outros itens nas mais de 200 barracas que ficam no local.
Praça Dom Orione, Bela Vista
Rua Adoniran Barbosa
Ainda na região do Bixiga, entre a avenida Brigadeiro Luís Antônio e a rua Jaceguai, há uma terceira homenagem ao compositor de "Tiro ao Álvaro". Apesar de seu nome de batismo ser
João Rubinato, o músico viveu grande parte da vida sendo reconhecido como Adoniran Barbosa e, por esta razão, este foi o nome escolhido para denominar a estreita, mas charmosa via de 150 metros de comprimento.
Rua Adoniran Barbosa, Bela Vista
Sala de teatro Adoniran Barbosa no Centro Cultural São Paulo
O músico e compositor também foi homenageado no Centro Cultural São Paulo, que fica na região do Paraíso, próximo ao metrô Vergueiro. O espaço conta com bibliotecas, um jardim suspenso, apresentações de artes visuais, dança e moda, shows musicais, projeções de cinema e peças teatrais. Há cinco salas de espetáculos no local, e cada uma leva o nome de uma personalidade importante da cultura paulista. A única sala em formato de arena, rodeada por vidros, leva o nome de Adoniran Barbosa.
Rua Vergueiro, 1000, Paraíso
Todos os dias, das 10h às 22h
Entrada gratuita