Férias de Julho: Passeio de barco na represa Billings mostra que SP não tem só prédio

No extremo sul da cidade, projeto Meninos da Billings promove roteiros e conscientização ambiental

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Aline Almeida
São Paulo

Com água por todos os lados, um barco desliza sob um céu azul sem nuvens. Atrás dele, árvores altas pintam de verde as margens vazias, sem ninguém por perto.

Sim, estamos em São Paulo. Mais exatamente a 30 km do centro, numa iniciativa que leva moradores e turistas para navegarem pela represa Billings, na região do Grajaú, no extremo sul paulistano.

Há oito anos, o projeto Meninos da Billings foi criado para oferecer passeios e atividades de conscientização ambiental. Como as áreas que margeiam a represa se tornaram ponto de encontro aos fins de semana, Adolfo Duarte, mais conhecido como Ferrugem, decidiu criar ali a mistura de agência e de iniciativa socioambiental.

Aos 41 anos, ele nasceu no Grajaú e é educador, marinheiro fluvial e professor de história. Em 2014, depois que seu filho de nove anos morreu de câncer, Duarte começou a remar em um trecho da represa. A forma de viver o luto deu início à primeira ação do projeto: a Remada na Quebrada.

Nele, professores voluntários se reuniam uma vez por mês para ministrar oficinas de canoagem e de construção de pranchas. As aulas eram frequentadas por crianças dos bairros Cantinho do Céu, Lago Azul, Monte Verde e Prainha, todos próximos dali.

"A gente fomenta o turismo de base comunitária, no qual as pessoas conhecem o território e quem o criou", diz Duarte.

A iniciativa foi crescendo e integrou outras propostas de educação ambiental para crianças e adolescentes. É aí que entram os passeios de barco —atualmente, os roteiros são realizados às sextas, sábados e domingos, com agendamento por WhatsApp.

Há duas opções de pacotes. O mais comum custa R$ 50 por pessoa e tem uma hora de duração. O roteiro inclui aula sobre a região e a represa. A outra opção é alugar o barco todo. Nesse caso, o valor varia dependendo da duração do passeio.

Em alguns trajetos, é possível também passar na Ilha do Bororé —que não é bem uma ilha, mas uma península da Billings, onde há um parque natural municipal cercado de mata atlântica. Esses passeios costumam levar um dia inteiro, com visita à parte histórica de Bororé e almoço incluso, com preços que giram em torno de R$ 120 por pessoa.

O projeto já recepcionou turistas de países como Egito, Holanda, Japão, China, Gana e Etiópia, por exemplo. É o caso do belga Lucas Salazar, 30. Ele conheceu o Grajaú depois que uma amiga participou de um projeto de construção de barcos com materiais recicláveis na região.

"É um local que tem potencial. Eu não conhecia, vim pelos passeios", comenta.

Idealizada pelo engenheiro americano Asa White Kenney Billings em 1927, a represa tinha como objetivo gerar energia elétrica a partir de uma usina hidrelétrica de Cubatão, no litoral paulista. Hoje, ela é um reservatório e abastece parte de São Paulo e de municípios da região metropolitana, como São Bernardo do Campo e Rio Grande da Serra.

Com a renda do Meninos da Billings, Duarte desenvolve outras ações —entre elas, a construção de barcos com garrafas PET, lixeiras ecológicas e oficinas de marcenaria.

A ideia é transformar a represa num polo de ecoturismo. "Até 2023, queremos concluir a reforma de mais um barco e atender mais pessoas", afirma.

Meninos da Billings

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Agência Mural