Bocca Cucina serve boa comida de inspiração italiana na zona norte de São Paulo
Restaurante de campeão do MasteChef Profissionais oferece cardápio variado e agradável
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A gastronomia italiana, além de ser uma das mais populares do mundo, é uma fonte inesgotável de polêmicas. Nos últimos anos, o movimento positivo de restaurantes que buscam redescobrir culinárias regionais, ingredientes e preparos menos conhecidos do país foi acompanhado de uma proliferação de regras que pregam uma defesa chata pela "autenticidade" acima de tudo —por mais que estudos demonstrem o quanto as tradições são inventadas.
Nesse contexto, é bem agradável quando um restaurante parece focar menos em polêmica e em dar uma palestra sobre a fidelidade das suas receitas e mais em servir uma gostosa comida de inspiração italiana. Essa é a impressão deixada pelo Bocca Cucina, casa do chef Diego Sacilotto, campeão da quarta temporada de MasterChef Profissionais e responsável por mais de dez restaurantes de diferentes culinárias na região norte de São Paulo.
A casa oferece um menu executivo de três pratos no almoço por R$ 79. Fora ele, o cardápio é variado e passa tanto por receitas que parecem alinhadas a preparos autênticos quanto por pratos que misturam carnes e massas e são mais populares na versão brasileira da culinária italiana. O importante é que a comida servida tem mais acertos do que erros.
Um croquete de costela servido como entrada no menu executivo tem cara de brasileiro e é excelente. Frito na hora, crocante, muito bem recheado com carne desfiada bem saborosa e suculenta, o prato abre bem a refeição.
Fora do menu, a bruschetta di calamari (R$ 72) é farta e muito bem feita. Tem um bom pão torrado, lulas macias e um vinagrete refrescante e muito equilibrado (embora a bottarga descrita no prato não se destaque tanto).
O resultado foi um pouco menos convincente no casarecce com filé e fonduta de queijo servido no menu de um almoço recente. A massa é feita na casa e estava em ótimo ponto, mas o molho não tinha sabor e os pedaços de carne eram pequenos e quase desapareciam no prato.
O teste de fogo veio no espaguete à carbonara (R$ 79). No cardápio do Bocca ele é descrito com ingredientes da receita dita oficial —com guanciale (não bacon), queijo pecorino (não parmesão), pimenta preta (por algum motivo não chama de "do reino" no cardápio) e gemas (não ovo). Mas o prato à mesa chega mergulhado em uma grande quantidade de molho, o que pode levar puristas a acusar o uso de creme de leite (sacrilégio!).
O restaurante nega fugir dos ingredientes da regra e explica que apenas usa técnicas para emulsificar bem a mistura de gemas, queijo e água do cozimento da massa antes de servir.
O resultado, de fato, é interessante. O espaguete de grano duro importado tem boa textura, e o molho é cremoso e tem bastante sabor. A apresentação pode gerar ainda mais polêmica, mas também tem o potencial de agradar tanto a defensores da autenticidade quanto a quem acha a receita "original" um tanto seca (sim, há quem ache).
O Bocca aposta ainda na sua carta de sobremesas, que é promovida pelos garçons e tem uma bancada especial no primeiro andar da casa para que os clientes vejam o preparo dos doces.
O bolo de laranja oferecido no menu de almoço é servido quente e com uma textura bem fofa. Vem ainda com calda de bom chocolate derretido, um sorvete delicado e farofa crocante. Bela mistura de temperaturas e consistências.
Não é exatamente uma proposta que vai trazer uma nova revelação sobre a culinária italiana, mas é uma boa opção de comida saborosa e sem polêmica, especialmente em um almoço mais em conta seguindo o menu da casa.