Premiada, Ferro e Farinha inova na pizza, mas resultado nem sempre é bom

Restaurante tem como ponto forte o forno a lenha, de onde saem entradas, principais e sobremesas

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Rio de Janeiro

Ferro e Farinha

Avaliação: Bom
  • Onde: Shopping Leblon - av. Afrânio de Melo Franco, 290, 4º andar, Leblon, zona sul, @ferroefarinha

É inevitável. O fato de a Ferro e Farinha ter sido apontada pelo guia italiano 50 Top Pizza como a quarta melhor na América Latina em 2025 aumenta a régua com a qual medimos o que é servido por lá. Atiça também o nível de exigência ser informado que a melhor pizza servida na região é feita na casa, de acordo com a mesma premiação.

Trata-se da scampi (R$ 68), que, como o nome em italiano indica, leva camarões, além de molho de tomate, muçarela, salsinha, cebola e creme de alho. A presença desse último ingrediente talvez mereça uma reflexão. O creme de alho pode ser saboroso (para quem realmente gosta de alho), mas um pouco gritante demais em relação aos outros ingredientes, que combinam entre si.

Pizza rocket queen do restaurante Ferro e Farinha, que fica em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro - Folhapress

Desequilibra e torna a massa úmida, molenga no meio. Fica, então, difícil seguir a sugestão do dono do lugar, o ex-publicitário nova-iorquino Sei Shiroma. "Melhor com as mãos", é a mensagem exibida insistentemente na camisa dos garçons. Mas como comê-la nova-iorquinamente, sem o auxílio de talheres, se a fatia não aguenta a viagem do prato até a boca? Por falta de firmeza, o molho pode cair na sua roupa —aconteceu comigo.

É diferente quando a opção recai sobre as pizzas menos inovadoras, como a Fraz, de linguiça calabresa com erva-doce (R$ 64). No ponto exato, deliciosa em sua simplicidade, assim como a Domenico, uma marguerita rebatizada servida desde a lojinha do então pouco valorizado bairro do Catete, inaugurada em 2014, com atividades já encerradas.

Hoje a Ferro e Farinha tem cinco filiais em bairros nobres do Rio de Janeiro (Botafogo, Ipanema, Barra da Tijuca e duas no Leblon). Notabilizou-se por oferecer opções novidadeiras, como as pizzas de costela marinada em alho e gengibre assado e kimchi de rabanete (R$ 66) e a de paleta de cordeiro com tâmara, molho de iogurte e shisô (R$ 76).

A loja do shopping Leblon, assim como as outras, tem como ponto forte o forno a lenha, de onde saem entradas, pratos principais e sobremesas. Ela é a única das casas do grupo que, além de pizzas e belisquetes, oferece massas e até hambúrguer.

Uma das opções de principal é a lasanha (R$ 79), descrita no menu como "uma obra" de quatro camadas de massa verde e recheio de carne e maiolo (porco). Nela, falta a umidade que sobrou à pizza com creme de alho. É seca por dentro, com ragu pouco uniforme e pedaços grosseiros de carne moída. Tirando as quatro pontas do retângulo de massa queimadinhas pela brasa, sobra pouca coisa boa. Um prato caro para o que oferece, assim como o spicy vodka rigatoni (R$ 65), massa curta carregada no alho, na cebola, na pimenta, no creme de leite, em tudo. Pesaram a mão.

Uma pena que a refeição tenha se encaminhado assim, porque o início prometia. Apesar de pouco ortodoxas, as ostras gratinadas na concha com muçarela e vinagrete de cebolinhas (R$ 28 três unidades; R$ 48, seis) vieram tão quentes que a sugestão dos garçons é para que se use garfo e faca (quase um "depois não diz que eu não te avisei").

Saliente-se o vinagrete, adicionado entre o molusco e o queijo, que teve um papel importante no conjunto da obra, deixando as ostras parecendo vivas —ainda que tenham ido a altos graus.