Conheça o 'Candlelight', que faz sucesso em SP com clima à luz de velas feito de lâmpadas LED
Apresentações unem o pop ao erudito ao tocar Beethoven, Chopin, Dua Lipa e 'Toy Story'
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Pode parecer estranho, mas a trilha sonora de "Toy Story" e hits de cantoras pop como Lady Gaga, Rihanna e Beyoncé vêm aparecendo no repertório do Theatro São Pedro, um dos mais tradicionais da capital paulista. Músicas de anime também são tocadas na Sala São Paulo, o grande símbolo sinfônico da cidade. E tudo à luz de velas —ou quase isso.
Com mais de 11 mil apresentações, a série de concertos "Candlelight" chegou ao Brasil no fim de 2020 e, desde então, vem se tornando fenômeno, sobretudo em São Paulo, com proposta de aproximar o pop do erudito.
O projeto surgiu em 2019 em Nova York, Madri e Paris, mas logo se espalhou por mais 87 cidades, chegando a vender mais de 3 milhões de ingressos pelo mundo.
No Brasil, os eventos ocorrem em teatros emblemáticos do Rio de Janeiro e, principalmente, de São Paulo, onde já foram realizadas 350 apresentações. Com sexteto de cordas ou, em alguns casos, orquestra sinfônica, os concertos são sempre à luz de velas e propõem uma atmosfera intimista, com repertórios diversos e bem misturados —de Beethoven a Taylor Swift,.
De fato, a iluminação dos concertos é um dos atrativos que mais chamam a atenção das pessoas, que, muitas vezes, ficam tão empolgadas que soltam frases como "amei o cheiro dessa cera" —mas sem perceber que, na verdade, todas as "chamas" do "Candlelight" são lâmpadas LED, sem qualquer fogo.
O palco é iluminado por centenas dessas velas elétricas. Em ambientes grandes como o do Auditório Ibirapuera, quase 2.000 ficam acesas durante as apresentações.
Enquanto "Ballet: Lago dos Cisnes de Tchaikovsky" traz bailarinas dançando clássicos de valsa e balé, "80’s: Michael Jackson e Abba" convida o público a formar um coro para hits de bandas e artistas como Madonna, The Police e Earth, Wind & Fire.
"A produção-executiva do 'Candlelight' me envia um tema e, com base nele, selecionamos uma playlist bem grande para escolher as mais relevantes", explica o produtor musical dos eventos de São Paulo, Marcos Henrique, da Monte Cristo Coral e Orquestra.
Com a gritante distância entre as temáticas, as sessões têm diferenças não só nos gêneros, mas também no público dos eventos. Há opções para fãs do grunge de Nirvana, do rock dos Beatles, do k-pop dos BTS, do rap de Chris Brown, do soul de Nina Simone, da MPB melódica de Anavitória e até mesmo de filmes como "Shrek", "Harry Potter" e "Frozen".
"Nos concertos de rock, vem um pessoal das décadas de 1950 e 1960, com muitas crianças junto. Já nos de pop, que tocam Britney Spears, Justin Bieber e cantores do gênero, a galera é bem mais jovem e canta todas as músicas, do início ao fim", afirma Julio Nogueira, responsável pelo contrabaixo.
De acordo com dados da Fever Originals, responsável pelo projeto, 70% do público do "Candlelight" tem menos que 40 anos.
Aos 27 anos, a advogada Isabela Gonçalves descobriu o evento com uma propaganda no Instagram e se encantou pela ideia de ouvir as trilhas de princesas da Disney, mesmo que nunca tivesse ido a um concerto antes.
Sem pensar duas vezes, comprou ingresso e foi sozinha à apresentação de "Trilhas Sonoras Mágicas", que ocorreu em 4 de março no Theatro São Pedro, em São Paulo. "Desde o começo, me interessei muito pelas velas", diz Gonçalves.
Segundo a chefe do projeto no Brasil, Ana Gonçalves, o objetivo do "Candlelight" é "democratizar a cultura, criando um espaço acessível de apreciação de diferentes compositores", sejam eles Chopin ou Dua Lipa.
"Você não precisa ir à Sala São Paulo para ouvir só música clássica", diz Joane Ely Momo, operadora do evento. "É possível estar num lindo teatro, cheio de velas e sensação de aconchego, ouvindo de tudo."