O rock perdeu muito espaço, diz Sérgio Britto, dos Titãs, que fazem show em SP
Bandas que alcançaram sucesso nos anos 1980 fazem apresentações no Rock Brasil 40 Anos
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Em 1982, quando "Você Não Soube Me Amar", da Blitz, tomou de assalto as rádios do país inteiro, ela bateu de forma mais profunda em um bando de jovens que naquela época amava o rock’n’roll
e sonhava com ele.
Sérgio Britto, dos Titãs, foi um deles e se recorda daquele momento. "Impactou muito o sucesso dessa música. Primeiro porque era gente jovem tomando as paradas de sucesso. E, em segundo lugar, porque era uma banda. E isso era algo muito raro na época."
Paulo Ricardo, ex-RPM, foi outro dos impactados. "A música da Blitz foi o nosso Big Bang. Eu era crítico musical da revista Som Três e escrevi muito bem sobre o disco, que eu achei maravilhoso", diz.
A geração da qual eles fazem parte, a do rock brasileiro dos anos 1980, está completando agora 40 anos de estrada. E um festival que abrange desde musicais e filmes até shows e exposições está em andamento em São Paulo, depois de passar por Belo Horizonte e Rio de Janeiro, para onde volta ainda neste mês.
É o Rock Brasil 40 Anos, que tem programação principalmente em dois lugares da capital paulista: o Centro Cultural Banco do Brasil, com exposição e peças, e o Memorial da América Latina, que desde o último domingo de março vem recebendo shows.
Neste domingo (10), por exemplo, sobem ao palco as bandas Ultraje a Rigor, Titãs, Ira! e Camisa de Vênus. No próximo (17), é a vez de Paulo Ricardo, Celeebration toca Rita Lee, Humberto Gessinger e, por fim, a própria Blitz.
Falando na banda, Sérgio Britto continua contando do impacto que sofreu no verão de 1982. "Deu um clique na gente. Se estava acontecendo com eles, pensamos que podia acontecer com a gente."
Naquele ano, os Titãs estavam fazendo suas apresentações de estreia. Primeiro, para o pessoal da escola, em um evento na Biblioteca Mario de Andrade. Depois, já um pouco mais profissionais, "fizemos nosso primeiro show de verdade no Sesc Pompeia, com ‘Sonífera Ilha’ e ‘Go Back’ por exemplo", lembra Britto.
Os Titãs viriam a se tornar um dos maiores sucesso dessa geração e, apesar de restarem só três dos nove integrantes originais, a banda continua. Além de Britto, seguem Tony Bellotto e Branco Mello —mas saíram nomes como Nando Reis, Arnaldo Antunes e Paulo Miklos. Hoje completam o grupo Mário Fabre e
Beto Lee, filho de Rita Lee.
"A gente tenta se reinventar. Fizemos uma ópera rock e agora vamos gravar um novo disco de inéditas. Essa é nossa comemoração dos 40 anos, ainda sermos capazes de fazer um álbum", brinca Britto.
"O legal dessa geração é que cada banda tinha uma personalidade. Havia formação e sonoridades diversas. Muita diversidade, bacana e saudável."
"Hoje, muitos desses grupos acabaram, outros vivem atualmente de shows e não lançam novos álbuns. O caso é que o espaço do rock diminuiu muito. O mercado afunilou e parece que está como em 1982, quando a gente ainda estava começando."
Se os Titãs fizeram seus primeiros shows naquele ano, a coisa começou um pouco depois para o RPM. "Em 1983, fui morar em Londres e já estava frustrado por não ter minha banda engatilhada", conta Paulo Ricardo. A decepção durou pouco. No ano seguinte o RPM nascia com shows no underground paulistano.
O primeiro ocorreu na rua Mourato Coelho, em Pinheiros, às 17h, na inauguração de um cineclube chamado Zoom Cósmico. Tocaram, também o Ira! e banda Unha Encravada.
Já em novembro, eles lançavam seu primeiro compacto, que trazia "Louras Geladas" e "Revoluções por Minuto".
"Só que não aconteceu nada até agosto de 1985, quando a gravadora resolveu mandar remixes de ‘Louras Geladas’ para os DJs nas rádios. Aí começou a virar uma febre."
No mês seguinte, a banda iniciou a turnê de lançamento do primeiro álbum com um show no teatro Brigadeiro , dirigido por Ney Matogrosso.
"Aquele show, que se transformaria no álbum ‘Rádio Pirata Ao Vivo’, é o que vou reproduzir agora no festival. Fumaça e raio laser. É uma homenagem, reprodução fiel da apresentação de 1985", conta Ricardo, que vai levar os filhos para ver a performance.
"Para mim o show se chama Rádio Pirata 35 Anos. Seriam 37 desde 1985, mas descontando os dois anos de pandemia, ficamos com os 35."
"Foi um momento glorioso aquele dos anos 1980." Quem duvida pode ir ao Memorial nesses domingos para conhecer ou relembrar as músicas que mudaram o som do país. Era, como diz Paulo Ricardo, o rock popular brasileiro.