Saiba quais são as melhores casas de shows de SP para mais de 10 mil pessoas

Allianz Parque e Memorial da América Latina se destacam com megashows e boa estrutura

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São Paulo
A arena do Allianz Parque comporta mais de 43 mil pessoas em jogos e 55 mil em megashows - Keiny Andrade/Folhapress

ALLIANZ PARQUE
Conjunto da obra

Lucas Brêda

Quando o Palmeiras e a WTorre se uniram para reformar o antigo Parque Antártica, estádio do time palestrino, e convertê-lo em uma arena moderna, o mercado de shows do país vivia uma transformação.
No começo dos anos 2000, o Rock in Rio parou de ser realizado, os artistas internacionais mais populares raramente pisavam no Brasil e, salvo exceções, esta parte do mundo não estava no radar das grandes turnês.

Na década seguinte, com o crescimento da economia e o dólar mais acessível, o cenário começou a mudar. Em 2010, o festival SWU trouxe gente como Rage Against the Machine, Linkin Park e Queens of the Stone Age ao interior de São Paulo. No ano seguinte, o Rock in Rio voltou à sua cidade natal. Em 2012, o Lollapalooza desembarcou na capital paulista para não sair mais.

A Copa do Mundo de 2014, sediada no Brasil, ajudou no processo. Se faltavam estádios com estrutura mais adequada para receber grandes shows, as reformas e construções de novas arenas pelas capitais do país deram aos contratantes uma nova categoria de espaços para realizar os megaeventos.

Mas, em São Paulo, não foi o estádio construído para a Copa —a Neo Química Arena, do Corinthians, em Itaquera— que surfou na onda das grandes turnês. Aberto em 2014, o ano do Mundial de futebol no Brasil, o Allianz Parque anteviu a nova demanda na metrópole e se firmou como o local mais escolhido para receber os megashows.

A inauguração do estádio foi um recado. O eterno beatle Paul McCartney, que não tocava no Brasil havia décadas, voltou para apresentações na então nova casa do Palmeiras, onde passou seguidas vezes nos anos seguintes. Foi um marco desse movimento que viria a ganhar corpo nos anos posteriores, em que o país se inseriu como parada quase obrigatória para as maiores turnês do planeta.

O Palmeiras não colocou dinheiro na reforma de seu estádio. O acordo entre o clube e a construtora previa que, além da utilização para os jogos de futebol, o espaço seria explorado pela WTorre para receber shows e eventos ao longo de 30 anos. Com esse dinheiro, a arena se pagaria e passaria a dar lucro a quem investiu na sua construção.

Por causa dessa mentalidade, o Allianz Parque já foi feito como um híbrido entre estádio e arena de shows. O formato das arquibancadas, com um recuo estratégico para a colocação do palco, os portões, a circulação, o cuidado com a acessibilidade, enfim, toda a estrutura foi calculadamente pensada para a demanda pré-estabelecida.

Isso coloca o Allianz à frente não só de outros estádios da capital, como o tradicional Morumbi, do São Paulo, e a já citada casa do Corinthians, mas também das outras arenas feitas para a Copa do Mundo. Projetadas sob o padrão Fifa, elas têm como objetivo principal a realização das partidas de futebol —em alguns casos, pela falta de demanda, acabaram se tornando elefantes brancos.

A lista de shows realizados no Allianz em quase dez anos é tão grande quanto a dimensão dos artistas que já passaram por lá. Vai do Coldplay ao gigante do k-pop BTS, passando por Maroon 5, Iron Maiden, David Gilmour, Aerosmith, Guns N’Roses, Elton John, Justin Bieber, Katy Perry, Harry Styles, Radiohead, Ozzy Osbourne, Roger Waters, Shakira, Kiss, The Killers e Backstreet Boys.

Entre atrações nacionais, o estádio já recebeu as turnês de reunião de Sandy & Junior, Tribalistas e Los Hermanos, além de Ivete Sangalo e Roberto Carlos. O reencontro dos Amigos, que engloba os sertanejos Chitãozinho & Xororó, Zezé di Camargo & Luciano e Leonardo, também aconteceu no Allianz.

A localização é outro fator que ajuda. Na zona oeste de São Paulo, a arena está próxima à estação de metrô e trem da Barra Funda, além de ser rodeada por grandes avenidas e abastecida por várias linhas de ônibus. É comum que o trânsito fique um tanto caótico em dias de show, mas isso não se compara à dificuldade de acesso da concorrência.

Quem viaja até São Paulo de ônibus para assistir a um show internacional também chega fácil ao Allianz. Isso porque a estação da Barra Funda também abriga uma grande rodoviária, e é possível ir andando de lá até o estádio.

A cereja do bolo é a possibilidade de utilizar apenas parte do estádio para shows menores. Ou seja, o palco é deslocado e montado em uma altura específica do campo para acolher plateias e atrações de tamanhos variados, menores que as mais de 50 mil pessoas que a arena cheia comporta. Todo mundo sai ganhando.

Allianz Parque - Av. Francisco Matarazzo, 1.705, Água Branca, zona oeste. Instagram @allianzparque. Programação em allianzparque.com.br


MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA
Menção honrosa

Laura Lewer

Colado no terminal de metrô e ônibus Barra Funda está um dos principais pontos de shows e festivais de São Paulo, o Memorial da América Latina.

É uma área de 84.840 metros quadrados, criada em 1989 para ser sede de espetáculos, centro de difusão das artes plásticas, polo de pesquisas e o que mais coubesse no projeto cultural criado pelo antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997) e executado por Oscar Niemeyer (1907-2012).

Fato é que, dos últimos anos para cá, o espaço administrado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo se tornou terreno queridinho de grandes festivais de música, que reúnem milhares de pessoas espalhadas pelo espaço —principalmente na Praça Cívica, que se estende por 12 mil metros quadrados e tem capacidade para até 15 mil espectadores.

É por essa área, totalmente pavimentada, pensada para sediar eventos e manifestações populares, que chega ao Memorial quem vem de metrô. O público dá de cara com um dos monumentos mais reconhecíveis da capital paulista, a "Mão", com 7 metros de altura. Na escultura de Niemeyer, a palma é cortada pelo mapa da América Latina em vermelho.

A obra costuma ficar em destaque do lado esquerdo dos palcos principais de festivais de música como o Popload, o Summer Breeze e o Coala, realizado desde 2014 no local. É comum que a paisagem se complete com um belo céu alaranjado do fim da tarde.

O Memorial justifica a sua fama entre produtores e público. É imenso, aberto e plano, o que facilita tanto a circulação de pessoas quanto a distribuição das estruturas necessárias para que um show seja realizado. Além disso, fica em uma ótima localização para um centro de espetáculos na cidade —tem metrô, ônibus e um terminal rodoviário a poucos minutos de caminhada. É claro que o resultado depende do que o evento oferece, mas a base ajuda muito.

Para completar, ainda há o Auditório Simón Bolívar —que poderia ser mais utilizado, inclusive— com duas plateias, ideal para apresentações fechadas com até 1.788 pessoas. Por lá já passaram Milton Nascimento, Tom Jobim (1927-1994), Chico Buarque, Mercedes Sosa (1935-2009) e Piazzolla (1921-1992), entre outros. A América Latina em peso.

Memorial da América Latina - Av. Mário de Andrade, 664, Barra Funda, zona oeste. Instagram @memorialdaamericalatina. Programação em memorial.org.br