"O Impostor Geral" é envolvente para quem tem dez anos e até 15 anos porque coloca o público -crianças, jovens e adultos-, dentro de uma taberna da Idade Média, barulhenta e um pouco decadente, local de encontros de trabalhadores rurais e das pequenas vilas europeias, como testemunhas de um acontecimento que mobiliza todos os personagens da história.
Trata-se da chegada do Inspetor Geral, que investigará as finanças do município. Como os aldeões, o prefeito, o juiz, a responsável pela saúde mental dos cidadãos e os demais integrantes da comunidade não são honestos, eles procuram paparicar o representante do governo e desviar a atenção desse funcionário, que não é correto nem ético também.
A dramaturgia (Solange Dias) parte do texto clássico de Nicolai Gógol (1809-1852) e intensifica a sátira que lhe é peculiar. A direção (Juliano Barone) explora a desconstrução dos personagens e sua comicidade. Eles são bufões que ora dialogam com um discurso metafórico e obscuro, ora dão cambalhotas e comentam as situações de forma jocosa, mas que ficam então mais claras para o espectador. O enredo alterna cenas dialogadas, jogral em versos e narração para anunciar acontecimentos e os explicar.
O figurinista (Kleber Montanhero) acertou na apresentação caricatural dos atores, que usam máscaras, têm o corpo deformado, estão vestidos de malhas coloridas assimétricas e parecem saídos de uma pintura grotesca.
O elenco é engraçado e excessivo nos adornos, pois ainda utiliza de perucas e estão maquiados, mas essa aparência está a serviço da ironia, em que o corpo, no caso deste espetáculo, fala mais do que as palavras.
Vale conferir esse trabalho, do Núcleo Sem Querer de Tentativas Teatrais.
Avaliação: bom.
Indicação do "Guia": a partir de 10 anos.
Viga Espaço Cênico - r. Capote Valente, 1.323, Pinheiros, região oeste, tel. 3801-1843. 40 lugares. Sáb. e dom.: 15h. Até 20/12. Ingr.: R$ 40. a d i w
09h07
Comentários
Ver todos os comentários