Crítica: Baseada em lenda chinesa, peça 'O Dragão de Fogo' brinca com imaginário

Num cenário desabitado de elementos, dois trabalhadores encontram um desenho feito por um menino. Sem ver a concretude das linhas e as cores da criação, adentramos aquela paisagem na peça O Dragão de Fogo.

É assim que a montagem, dirigida por Marcelo Lazzaratto, nos transporta já no início para as paragens de uma fábula chinesa, adaptada por Cássio Pires. Nela, um menino desenhista é escolhido para enfrentar um dragão que despertou do sono profundo e anda queimando o arrozal de sua vila.

Os movimentos do espetáculo foram criados pela atriz e campeã de kung-fu Luciana Mizutani *** ****
Os movimentos do espetáculo foram criados pela atriz e campeã de kung-fu Luciana Mizutani - Fernando Stankuns/Divulgação

Em seu minimalismo, a peça convoca o imaginário numa época em que, muitas vezes, há excessos em narrar, mostrar e pontuar. O cenário de Alan Chu e Cristina Sverzuti, por exemplo, cria cartografia com poucos detalhes, enquanto o figurino, comedido no uso de cores, tem a sofisticação do estilista Fause Haten.

Nada no espetáculo é exagerado. É assim também na interpretação de Eduardo Okamoto, que tem a severidade do soberano que sorteia quem será escolhido a enfrentar o dragão e a leveza do sábio menino que aceita sem questionar seu destino.

O universo oriental se descortina em movimentos precisos, inspirados no kung-fu, e minuciosamente desenhados pela atriz Luciana Mizutani.

No caminho, o protagonista encontra seu parceiro, um rato medroso interpretado por Ésio Magalhães. Juntos, o menino e seu amigo enfrentam as missões do dragão. Fazia tempo que não se brincava tanto de imaginar no teatro infantil.

Avaliação: muito bom
Indicação da crítica: a partir de 5 anos

Sesc Consolação - R. Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, região central, tel. 3234-3000. 280 lugares. Sáb.: 11h. Até 1/7. Ingresso: R$ 5 a R$ 17. Menores de 12 anos: grátis.

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