"Telhado de Ninguém", primeiro espetáculo da Companhia do Polvo, dilui números circenses de acrobacia, equilibrismo e palhaçaria numa narrativa sem palavras, inspirada no cinema mudo, mesclando as linguagens do picadeiro, do teatro e da música. A direção é de Mark Bromilow.
Num pequeno universo, num telhado cercado por um mar de lixo por todos os lados, duas figuras enigmáticas se refugiam e tentam sobreviver. São interpretadas por Natalia Presser e Nico Serrano, que formam uma boa dupla e nos revelam muito de seus personagens com gestos simples e precisos.
Na disputa pelo território, entre o acordar, garantir o que comer, lavar a própria roupa e dormir, os personagens demonstram medos e tensões em pequenas ações cotidianas.
A música e a sonoplastia ao vivo, a cargo de Andrei Presser e Denão, amplificam os sentimentos da dupla cômica naquele telhado onde chaminé vira máquina de lavar e antena de TV é equipamento circense.
Caprichados, os figurinos de Vivianne Kiritani indicam que a vida é cheia de improvisos, tal qual a bola que funciona como chapéu. Já a luz de Camila Andrade cria uma atmosfera misteriosa, revelando aos poucos o cunho ambiental, mas nada panfletário da peça.
Num ritmo que por vezes se perde em cenas longas, o humor infantil se equilibra nas entradas de um pequeno invasor astucioso, que ganha a cumplicidade das crianças.
Avaliação: bom
Indicação da crítica: a partir de 5 anos
Sesc Consolação - teatro Anchieta - R. Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, região central, tel. 3234-3000. 280 lugares. Sáb.: 11h. Até 3/3. CC: V, M, AE, E, D. Ingresso: R$ 5 a R$ 15. Menores de 12 anos: grátis. Ingr. p/ sescsp.org.br.
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