Há duas formas de comer no Ian: uma é provando receitas já conhecidas de brasileiros por fazerem parte da cozinha árabe, em especial por meio da comunidade libanesa. Outra é optando por pratos que fogem desse contorno e são reconhecidos como armênios.
Não há uma escolha mais acertada que a outra. Caso opte pela primeira, comece pelas pastas. No trio de babaganuche, coalhada seca e homus (R$ 56), o destaque fica para a pasta de berinjela. Ela leva tahini sem exageros e o bem-vindo toque de limão que contrasta, na medida, com um marcante defumado.
Quem pedir esfiha vai notar que a massa é extremamente macia. Dá a impressão de uma culinária que prima pela delicadeza e que convida a comer mais. Há várias opções de sabores. A aberta de carne (R$ 13) é a mais pedida. Todo o cardápio passeia por temperos como cominho, sumac (especiaria que mescla acidez e toque cítrico) e zátar.
Se isso soa familiar e você quiser provar os sabores mais particulares da Armênia —que faz fronteira com Turquia, Azerbaijão, Irã e Geórgia— aproveite para pedir a esfiha de queijo com linguiça sujuk (R$ 16), carne curada e condimentada saborosa.
O quibe cru com reimá, que mistura as texturas de carne crua (com leve picância) e carne moída cozida (bem macia) no mesmo prato, entrega uma surpresa na boca. É um dos pratos que dão a possibilidade de pedir diferentes tamanhos. O menor tem 160 gramas e custa R$ 40. A porção maior, para compartilhar, pesa o dobro e custa R$ 68.
Se for com os amigos, a opção mais interessante entre os quibes é a torre Ian (R$ 74). Ela também vem com os dois preparos de carne (crua e cozida), e chega acompanhada de tabule, coalhada seca e crispy de cebola.
No dia da visita, um item em especial fazia sucesso entre as crianças. Se for com (ou sem) elas, não deixe de provar o mantã. Esse prato armênio é formado por vários barquinhos interligados, tripulados por bolinhas de carne. Feito para ser comido com as mãos, barquinho por barquinho. Pergunte ao garçom por qual lado começar, para não destruir toda a estrutura logo de cara.
Antes de devorá-lo, despeje o caldo de carne que vem num potinho separado. O receio de que a massa fosse encharcar com ele não se concretizou. Ela seguiu firme e mais macia. Prove junto à sedosa coalhada seca que o acompanha.
Pena que, bem para este prato, não havia porção menor. A porção é grande, e o perigo é perder o apetite para provar mais.
A cozinha do chef Artur Muradian tem também opções veganas e vegetarianas. Não exatamente criações especiais, como o quibe de abóbora (R$ 49). Ou, na parte de saladas, do tabule (salada com trigo, tomate, pepino, cebola, salsinha e hortelã), que custa R$ 34 a porção menor e R$ 56 a maior, para compartilhar.
Além da comida, a brigada de garçons, simpática e eficiente do início ao fim, merece destaque.
Sobremesa ganha leveza com creme de nata
Seria uma pena deixar de provar o ataif fartamente recheado com nozes trituradas (R$ 30). É uma alegria notar que, quando regada com o caldo de flor de laranjeira, a massa parece ganhar leveza. Mais ainda quando somada ao creme de nata que a acompanha. Ele parece um chantili muitíssimo delicado. Alegra o paladar e derrete rapidamente na língua, pedindo mais uma bocada.
Comentários
Ver todos os comentários