Após turnê europeia, Shadowside promete show de "nível internacional" em SP

Após viajar por toda a Europa ao lado de Helloween e Gamma Ray, a banda brasileira Shadowside está de volta ao Brasil para promover o álbum "Inner Monster Out" em apresentação na Via Marquês (zona oeste de São Paulo), neste domingo (26/5).

Os músicos Dani Nolden (vocal), Raphael Mattos (guitarra), Fabio Carito (baixo) e Fabio Buitvidas (bateria) estão preparando um repertório repleto de surpresas e músicas nunca apresentadas ao vivo pelo grupo. O show contará com uma grande produção de palco e uma jam ao final do espetáculo.

O evento contará também com a participação do grupo SupreMa, que, na ocasião, fará o lançamento oficial do seu mais recente trabalho, "Traumatic Scenes". Os ingressos continuam à venda no site da Ticket Brasil e custam de R$ 20 (pista estudante - 1° lote promocional) a R$ 110.


Shadowside e SupreMa também farão show em conjunto no próximo dia 8/6, em Manaus (AM), durante o I Black River Metal Fest.

Via Marques - av. Marquês de São Vicente, 1.589, Água Branca, zona oeste, São Paulo, SP. Tel.: 0/xx/11/3615-2060. Dom. (26/5).: 19h. Ingr.: R$ 40 (pista) e R$ 70 (camarote). Não recomendado para menores de 16 anos.


LEIA ENTREVISTA COM SHADOWSIDE

Guia Folha - Vocês acabaram de voltar de uma turnê com as bandas alemãs Helloween e Gamma Ray por toda a Europa. De quem partiu o convite?
Dani Nolden - O convite partiu do 'management' do Helloween. Ele sabia da amizade existente entre as bandas desde que abrimos para eles em 2006 aqui no Brasil e da nossa vontade de acompanhá-los em uma turnê europeia, porém o convite veio apenas agora que solidificamos nossa carreira com outras turnês. O bom relacionamento entre as bandas contou, afinal conviveríamos durante dois meses, e o número de problemas que uma banda de abertura pode causar por irresponsabilidade, mau comportamento e arrogância são enormes. Eles sabiam que não representaríamos qualquer tipo de confusão para eles, mas isso não basta, precisa ser uma banda que eles sabem que vai conseguir segurar as pontas, que vai conseguir aquecer o público, que os fãs vão gostar. Foi uma honra receber o convite para sermos a banda de abertura por toda a turnê europeia, especialmente porque são bandas que nos influenciaram muito no início de carreira e que ainda escutamos até hoje.

Qual foi a apresentação mais representativa de todas na turnê?
Dani - É difícil apontar o show mais representativo, pois foram muitas apresentações incríveis. Tocamos em países que sempre quisemos tocar, como Bulgária e República Tcheca, onde fomos muito bem recebidos. Fomos a primeira banda de heavy metal brasileira a tocar no Olympia, em Paris, palco que já recebeu os Beatles, Rolling Stones, Janis Joplin, Elis Regina e Tom Jobim. Também tivemos uma recepção extremamente calorosa em lugares como a Polônia, onde até o segurança acompanhava a banda com palmas e batendo cabeça...
Fabio Buitvidas - Todas as apresentações foram especiais e importantes, desde aquelas em grandes arenas até os que foram realizados em locais menores e cada um com sua particularidade. O mais emblemático sem dúvida foi em Paris, no Olympia, e também o de Gotemburgo, onde tivemos a presença de nossos produtores Fredrik Nordström e Henrik Udd, o pessoal da gravadora, além de ser numa cidade que respira heavy metal.

Para vocês, qual a principal diferença entre o público brasileiro e europeu?
Fabio - O público brasileiro participa mais do show, seja batendo cabeça, com os punhos para o alto ou gritando. Já o público europeu vai mudando de acordo com a latitude. Quanto maior a latitude, mais frio --e isso pode passar uma impressão errada para quem não está acostumado, pois você vê um mundo de gente que parece não estar gostando do que você está fazendo. Mas, ao contrário. Na Finlândia, por exemplo, quando eles não gostam, simplesmente saem e vão tomar uma cerveja, mas, se estão gostando eles ficam ali, parados, só que acho que por dentro eles estão se matando. Também temos o feedback pós-show, pois sempre ficamos em nossa banca de "merchandising" disponíveis pra quem quiser tirar foto ou conversar, e aí vemos a surpresa deles em ver a banda, e esse contato é muito legal.

Mudou muito o tratamento dos europeus em relação aos brasileiros? Como eles nos veem hoje em dia?
Fabio Buitvidas - Não vejo nenhuma diferença no tratamento a nós, todos são muito educados. Do público aos promotores. Há muitas bandas brasileiras que fazem sucesso internacional. Percebemos que hoje se você é brasileiro há um "selo" de qualidade, pois há muitas boas bandas aqui, e as de fora excursionam por aqui regularmente. Então não é como nos anos 80, quando éramos vistos com curiosidade e até incredulidade.
Dani - Eu nunca senti uma ideia pré-formada sobre o Brasil e brasileiros quando tocamos na Europa ou Estados Unidos. Mas ainda sinto curiosidade. Acho que eles sabem muito pouco sobre nós. O Brasil não é um país que faz parte do pensamento deles. Se te perguntarem de onde você é e você pedir para que eles adivinhem, vão chutar 20 países antes de lembrar do Brasil [risos]. Quando uma banda brasileira toca por lá, é uma forma de promover o nosso país com coisas interessantes, algo além de praia, futebol e samba.

Fiquei sabendo que vocês quase se acidentaram feio nas estradas europeias? Contem como foi esse episódio.
Fabio Buitvidas - Uma turnê é algo que pode ser muito perigoso, pois são semanas vividas intensamente e viajamos todos os dias. A rotina que se instala é algo realmente pesado, pois vive-se exclusivamente para fazer o show, dorme-se e alimenta-se muito mal e com isso começa a vir o cansaço. Após cada show, nós carregamos nosso "motorhome", atendemos os fãs e caímos na estrada, pois, em média, temos 500 km para percorrer e chegar ao próximo país ou local do show na parte da manhã para os procedimentos de "load-in". Muitas vezes temos 1.000, 1.500 km para percorrer, então não é possível parar para descansar. Isso, somado à neve e estradas precárias nos países menos ricos, se traduz em perigo iminente. O que houve foi que um caminhão veio direto em nossa direção, mas conseguimos desviar, então ele levou apenas o espelho retrovisor. Também quase caímos de um precipício, entramos em uma cratera que fez com que o corte de emergência de combustível fosse acionado --o que nos custou muito tempo. Além disso, algumas pequenas colisões, internas e externas, acabaram por danificar nosso carro de tal forma que até o pessoal do Helloween, quando passavam perto do carro, davam sua contribuição. O Markus, baixista do Helloween, fez um remendo com plástico no nosso para-choque, que estava preso apenas com algumas tiras de silver-tape.

Como é sair em turnê com bandas tão representativas para o metal, como Helloween e Gamma Ray? Como foi o clima entre vocês no camarim, ônibus etc?
Fabio Buitvidas - Clima de amizade sem qualquer tipo de estrelismos. Há aqueles que são mais reservados, mas, no geral, confraternizamos diariamente com todos. Nosso camarim era chamado de "zona tranquila" pelo baixista do Gamma Ray, que sempre vinha ficar conosco após os shows, então aproveitávamos para jogar conversa fora ou também praticar luta. Volta e meia aparecia o Kai Hansen, guitarrista do Gamma Ray, com uma garrafa de Jack Daniels ou de Absolut para nós, ou o pessoal do Helloween querendo saber por que não estávamos no catering. Eles também ficaram muito felizes nas vezes que preparamos algumas caipirinhas. Além das bandas, a equipe também merece ser citada, pois todos, sem exceção, nos ajudaram e nos trataram com muito respeito. Foi uma tour realmente agradável, longa, cansativa, mas que teve todos em harmonia.

Vocês devem ter inúmeras histórias de fãs, bandas, shows, etc. Dentre as mais divertidas, quais vocês poderiam destacar?
Fabio Buitvidas - Algumas situações como quando o roadie de bateria do Gamma Ray disse que eles não queriam que minha bateria ficasse montada próximo do palco enquanto eles estivesse fazendo o soundcheck e que ela deveria estar sempre a 25 metros do palco. Claro que caí como um patinho e, quando finalmente levei toda minha tralha pra bem longe, ele vem gargalhando dizendo que era brincadeira. Eu expliquei que havíamos excursionado com o WASP dois anos antes e havia regras e mais regras --então já estava escolado. Um fato que chama a atenção é que em todos os lugares sempre há um brasileiro perdido no meio do público. E ele sempre se faz notar. O fato de estar viajando fazendo o que gostamos já é divertido, e é como se fosse uma viagem com a turma da escola. Você está sempre sacaneando alguém, sempre pega alguém pra Cristo e isso é o que mais diverte, mas são coisas que só têm graça mesmo para aquele grupo que está ali... Bom, menos pra quem foi pego pra Cristo.
Dani - Depende. Tem gente que gosta. Nosso assessor de imprensa-fotógrafo-produtor-ajudante geral na turnê se sente querido quando tiramos sarro dele. Se não mexemos com ele, ele sabe que alguma coisa está errada [risos].

No dia 26 vocês vão fazer uma apresentação em São Paulo, na Via Marquês. O que os fãs podem esperar desse evento?
Dani - Vai ser uma ocasião especial por tantos motivos! É nosso reencontro com o Brasil, nosso reencontro com a cidade de São Paulo, que nunca teve um show realmente completo do Shadowside, e temos algumas surpresas planejadas com os nossos amigos do SupreMa, além de músicas no nosso "set list" que não tocamos há anos. Será o show de maior impacto da carreira do Shadowside, com produção de nível internacional. Estou muito ansiosa e acredito que o público também. Será uma festa sensacional.

O último disco da Shadowside, "Inner Monster Out", foi muito bem aceito pela crítica e fãs. Qual o saldo vocês já fizeram do lançamento até agora?
Dani - É nosso trabalho de maior sucesso até hoje, sem sombra de dúvida. Foi o álbum com o maior número de vendas, entramos nos charts dos discos mais vendidos no Japão, de bandas de hard rock e metal mais tocadas nas rádios nos Estados Unidos, fizemos muitos shows, tanto no Brasil quanto no exterior, a turnê até agora já teve mais de 50 datas. Acho que o segredo do crescimento de uma banda é conquistar fãs novos sem irritar os antigos [risos]. Acho que a opinião geral é a de que o "Inner Monster Out" é nosso melhor álbum até hoje, e ele nos abriu muitas portas.

Já tem planos para gravar um novo disco, inclusive fora do Brasil?
Dani - Sim, provavelmente gravaremos no mesmo estúdio, com a mesma produção. Gostamos muito de trabalhar no método do Fredrik, morando dentro do estúdio completamente focados na gravação, sem preocupações com o mundo exterior, em um lugar isolado onde realmente não temos como querer fazer qualquer outra coisa além de trabalhar no álbum. Provavelmente começaremos a gravar no meio do ano que vem, mas no final de 2013 já começaremos a compor material novo.

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