Frank Bar fecha as portas sem avisar funcionários após fim do Maksoud Plaza em SP

Premiada casa de coquetelaria não funciona desde sábado (4) no lobby do hotel

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São Paulo

O Frank Bar, famosa casa conhecida dos amantes de coquetéis em São Paulo, fechou as portas após ocupar por seis anos o lobby do hotel Maksoud Plaza, que fica na região da avenida Paulista.

A notícia vem na esteira do anúncio do fechamento do hotel criado há 42 anos e que encerra as atividades nesta terça-feira, dia 7, por causa da crise gerada pela pandemia da Covid-19 e pelo plano de reestruturação do Grupo Hidroservice, que controla o estabelecimento.

Spencer Amereno Jr. no comando do balcão do Frank, nos pés do Maksoud Plaza, em 2016
Spencer Amereno Jr. no comando do balcão do Frank, nos pés do Maksoud Plaza, em 2016 - Bruno Santos/ Folhapress

Ainda não se sabe se o Frank fechará definitivamente ou se vai reabrir em outro endereço, mas o último dia de funcionamento do bar foi no sábado (4). Segundo um funcionário ouvido pela reportagem —e que preferiu não se identificar—, a equipe soube do fechamento na quinta (2) após um vazamento de informação da diretoria.

Depois disso, os trabalhadores do bar não foram comunicados formalmente ou avisados dos últimos dias de operação. Segundo o funcionário do local, não foi possível nem fazer uma festa de despedida para o Frank.

O comunicado do fechamento só veio nesta terça, com uma assembleia marcada de última hora, durante a manhã. Os funcionários devem trabalhar até o dia 27, mas desde hoje não há nenhum hóspede no hotel e todos os eventos e reservas foram cancelados.

Nos pés do Maksoud Plaza estava também o bar Vino, inaugurado ali em 2018. O bar também fechou as portas, mas mantém sua outra unidade em Pinheiros e, segundo nota, inicia as buscas por um outro hotel.

Inaugurado em abril de 2015 com um nome que homenageia o cantor Frank Sinatra, que em 1981 fez uma única apresentação em São Paulo, no palco do Maksoud Plaza, o Frank evocava o clima dos bares nova-iorquinos dos anos 1980 com jazz ao vivo, luz baixa e poltronas de couro vermelho.

Premiado com frequência, o bar ganhou a reputação de ser um dos melhores do mundo. Seu maior trunfo foi a presença do experiente bartender Spencer Amereno Jr., que elevou a qualidade do balcão e fez com que o Maksoud Plaza retomasse a sua energia boêmia. Ele foi responsável por dar cara ao bar, comandando das atrações musicais às famosas cartas de drinques.

"O Frank tem tanta importância porque eu vejo que ele foi o único bar de coquetelaria clássica que o Brasil já teve. É um ícone e vai fazer falta na coquetelaria brasileira porque revelou vários talentos —muitos bartenders bons saíram de lá e também garçons que se tornaram chefes de bares com trabalhos superinteressantes", disse Amereno à reportagem.

O bartender foi a primeira baixa de peso recente do Frank —ele deixou o comando do bar em agosto do ano passado, quando o local ainda estava de portas fechadas por causa do alto número de casos da Covid-19. Atualmente, ele comanda o novo bar Carrasco, aberto no andar de cima do Guilhotina, em Pinheiros.

O empresário Facundo Guerra, um dos responsáveis pela criação do Frank, comentou o fechamento em uma publicação nas redes sociais. "Dói ver um bar tão lindo, cercado de personagens tão importantes para a coquetelaria nacional, se perder para o imbróglio jurídico onde o Maksoud e sua atual gestão estão enterrados. ⁠Ali dediquei minha máxima energia por alguns anos (também no finado PanAm), e um dia tive a ilusão e esperança de trazer de volta o hotel para seus gloriosos anos. Triste fim", escreveu.

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